Exatamente um ano depois da morte do menino Matheus Oliveira, de seis anos, o principal acusado de matá-lo, Gabriel Maurílio Ilha, o Biel, foi condenado a 48 anos, dois meses e 26 dias de prisão em júri popular que durou pouco mais de 11 horas, nesta sexta-feira, em Joinville.

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Criança de seis anos morre ao ser atingida por bala perdida em Joinville

O acusado também respondia pelo homicídio de Wagner Rodrigues Nunes, de 19 anos, e pela tentativa de homicídio da avó do menino Matheus, Natália Vioczorkowski, de 57 anos, crimes cometidos em sequência, na tarde do dia 24 de junho de 2015, no bairro Jardim Paraíso, na zona Norte de Joinville.

A avó estava com o pai do menino, Roberson Leandro Oliveira, e a mãe, Solange Avi, acompanhando todo o julgamento vestidos com camisetas estampadas com a foto de Matheus. A família foi a primeira a chegar para o júri. Ainda do lado de fora do Fórum, pediam por Justiça e a condenação de Biel.

Natália quase não conseguia falar. Sempre chorando, a avó lembra de todos os detalhes do dia em que viu o neto levar um tiro na cabeça logo após descer do ônibus com ela.

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O crime ocorreu depois de uma perseguição envolvendo integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facções criminosas que disputam o comando do tráfico de drogas na região.

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Segundo o delegado Luis Fuentes, que presidiu o inquérito e foi o primeiro a testemunhar diante dos jurados, Gabriel estava com outros três jovens no Renault Sandero que perseguia uma motocicleta onde estava o jovem Wagner Rodrigues Nunes. Gabriel teria disparado os tiros que acertaram a avó, o neto e Wagner. Fuentes também destacou a guerra entre facções criminosas no bairro, o que ajudou a levar o número de homicídios no ano de 2015 ao recorde de 126 mortes.

Vidas destruídas

A ousadia dos criminosos foi um dos pontos mais tocados durante o julgamento. De acordo com a promotora Amélia Regina, Wagner cometeu vários crimes. Além dos dois assassinatos e da tentativa de homicídio, também praticou a receptação do veículo que era roubado e formação de quadrilha, já que fazia parte do PCC.

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– Ele destruiu a vida de um anjo de seis anos e da avó dele, que está ali – disse.

Toda vez que era citada ou que ouvia o nome do neto, Natália não conseguia se conter e tinha que ser amparada pelos pais do menino. Por pelo menos dois momentos, ela teve que sair do salão do júri.

O julgamento foi cercado de cuidados por envolver menores de idade e integrantes de facções criminosas. Pelo menos uma das testemunhas teve que ser protegida, ou seja, sua identidade foi preservada.

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A defesa de Gabriel tentou inocentá-lo com o fato de que outro jovem, também de nome Gabriel, menor de idade, se apresentou após a conclusão da investigação, tentando assumir o crime. Mais de uma vez, o delegado Fuentes e a promotora garantiram a certeza de que Gabriel Maurílio Ilha era um dos principais investigados e foi o responsável pelos dispares.

Outro rapaz que estava no veículo e que foi preso logo em seguida ao crime ainda deve ser julgado. O júri foi presidido pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Octavio David Cavalli.

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*Colaborou Hassan Souza