Começou a caçada aos motoristas que dirigem embriagados em Florianópolis. O primeiro a ser pego e punido na blitz da Lei Seca, na operação que teve início na madrugada deste sábado, foi um jovem de 25 anos. Ele havia recém saído de uma festa em Jurerê Internacional e, por aparentar embriaguez, fez o teste do bafômetro. O resultado, 0,91 miligramas de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões _ quase três vezes mais do que o índice-base indicador de crime no trânsito), obrigou-o a passar a noite em uma delegacia de polícia.
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Foi o primeiro caso do início de uma ação de combate mais dura contra a combinação álcool e direção. Levada a sério, deverá carregar ainda mais infratores para o banco dos réus. Isso porque a partir deste fim de semana, a previsão é de que as blitze da Lei Seca sejam realizadas pelo menos três vezes por semana, em dias alternados entre as terças-feiras e os domingos, em Florianópolis.
Na estreia, mais de 200 veículos foram abordados e cerca de 10 pessoas submetidas ao teste do bafômetro. Os números oficiais devem ser divulgados somente no domingo.
Capitaneado pela secretaria de Segurança – com o apoio da Guarda Municipal, Polícia Militar e Detran, um comboio com 35 agentes percorreu os principais pontos de acesso a bares e casas noturnas da cidade. Começou com uma ação educativa na Lagoa da Conceição, em que os motoristas foram alertados sobre o risco de beber e dirigir, e receberam bafômetros portáteis para medir a ingestão de álcool (são pequenos equipamentos que não têm a validade do bafômetro original, mas mostram se a pessoa ingeriu ou não bebida com álcool). Depois, uma barreira foi montada em frente ao prédio da Polícia Federal, na Avenida Beira Mar Norte.
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-Essa primeira blitz foi um experimento. Vamos nos aperfeiçoar a cada nova fiscalização, o que significa dizer que a Lei Seca será cada vez mais eficiente em Florianópolis- garante o secretário de Segurança, Raffael de Bona Dutra.
Foram quase duas horas de fiscalização. Já era quase fim dos trabalhos quando o rapaz de 25 anos caiu na malha fina da blitz. Antes dele, ninguém havia sido denunciado pelo bafômetro. Fez o teste uma vez e, depois de 10 minutos, mais uma para tirar a prova. Ele não quis comentar o assunto. Mas terá que se explicar para a Justiça, correndo o risco de cumprir pena de seis meses a três anos de prisão.
Para as próximas blitze: como estratégia para escapar dos “avisos” sobre os pontos de fiscalização – que costumam se disseminar rapidamente pelas redes sociais – a secretaria de Segurança planeja barreiras itinerantes. As equipes vão trocar o lugar das blitze várias vezes durante a mesma madrugada. A estimativa é de que as barreiras permaneçam num mesmo ponto por, no máximo, uma hora.
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Quem pode cair na Lei Seca
-O índice de tolerância é praticamente zero. São liberados da punição os condutores que, ao soprarem o bafômetro, expelirem até 0,04 miligramas de álcool por litro de ar. A ingestão de uma latinha de 350 ml de cerveja, por exemplo, já seria suficiente para cair na Lei Seca. Em média, com esta quantidade o bafômetro apontaria 0,10 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões.
-De 0,05 mg/l até 0,33 mg/l é aplicada sanção administrativa: multa de R$ 1.915,40, recolhimento da habilitação por 24 horas e prazo de 30 minutos para encontrar um condutor habilitado que possa conduzir o veículo. Caso não haja outro motorista, o automóvel é guinchado e levado para o depósito do Detran. O condutor sofre processo administrativo e corre o risco de ter a habilitação suspensa por um ano.
– Acima de 0,34 mg/l enquadra-se em crime no trânsito: prisão em flagrante, veículo recolhido para o depósito do Detran, suspensão do direito de dirigir, ocorrência policial e encaminhamento para a delegacia de polícia, onde será calculado o valor da fiança. Caso não pague, o condutor é levado para o presídio e pode cumprir pena de seis meses a três anos. É aplicada multa de R$ 1.915,40.
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Importante: com a nova Lei Seca, mesmo quem se recusar a fazer o teste do bafômetro poderá ser enquadrado. A lei permite outras formas de confirmação da embriaguez ao volante: o agente fiscalizador pode perceber através de sinais que indiquem, segundo o Contran, alteração da capacidade psicomotora e pode se utilizar também de imagens, vídeo e testemunha.