Começou na manhã desta quarta-feira, no Fórum de Florianópolis, o julgamento de Walter Duart Pereira, acusado da morte da jovem Mariana Costa Bento em um acidente de trânsito em agosto de 2006 na Beira-Mar Norte.

Continua depois da publicidade

O carro em que Mariana e o namorado estavam foi atingido pela caminhonete de Walter, que teria ultrapassado o sinal vermelho em alta velocidade. O julgamento iniciou às 9h e segue durante a tarde, com exposição dos argumentos da defesa e da acusação.

O júri estava previsto para ter acontecido no dia 18 de novembro de 2014, mas foi suspenso por duas vezes. Na primeira ocasião, em agosto de 2014, o réu alegou problemas de saúde. Já em novembro o advogado alegou que não poderia estar presente.

Promotor responsável pelo caso, Daniel Paladino pede que o réu seja condenado por homicídio com dolo eventual. Ele afirma que Walter teria assumido os riscos de matar ao conduzir em alta velocidade, furar o sinal e dirigir embriagado. O promotor espera que os júris considerem não se tratar de um mero acidente.

Continua depois da publicidade

Já a defesa pede que Walter seja condenado apenas por homicídio culposo. Segundo o advogado do réu, Fábio Trad, o cliente jamais havia se envolvido em acidentes anteriormente, nem possui histórico de agressividade ou imprudência no trânsito.

Cada uma das partes – defesa e acusação – teve uma hora e meia para expôr seus argumentos.

Namorado da vítima passou oito meses em cadeira de rodas

Pouco antes do inicio do júri nesta quarta-feira, a mãe da jovem, Sonia Regina Costa, estava bastante emocionada, mas confiante na condenação de Walter Pereira:

Continua depois da publicidade

– Meu coração não descansou nestes nove anos. É como se tivesse acontecido ontem. O que ele fez é imperdoável, e queremos justiça para que o mesmo não aconteça com outras famílias – disse.

O primeiro a depor no tribunal foi Andrei Damasceno, namorado de Mariana na época e condutor do veículo em que os dois estavam. Ele relatou que os dois namoravam há quatro anos, e que Mariana tinha recém começado a faculdade de Administração.

No dia do acidente, os dois foram a uma festa na Lagoa da Conceição, e na volta ele pediu o Kadett de um amigo emprestado para levar a namorada em casa.

Continua depois da publicidade

Em seguida, os dois resolveram fazer um lanche em um local próximo à Ponte Hercílio Luz e passaram o sinal para entrar em uma travessa, quando sentiram o impacto. Depois disso, Andrei recorda somente ter acordado no hospital.

O jovem ainda relatou que ficou oito dias em coma, precisou colocar 12 parafusos no fêmur, seis no braço e sofreu uma embolia pulmonar. Na recuperação, Andrei ficou oito meses de cadeira de rodas e quatro de muletas, até conseguir voltar a andar.

– Ainda tenho sequelas emocionais. A última coisa que me lembro é do sorriso dela – falou em depoimento.

Continua depois da publicidade

Testemunhas relataram que homem atravessou o sinal vermelho

Em seguida, um casal que testemunhou o acidente depôs sobre aquele dia. Eles relataram que estavam em seu veículo parados no semáforo quando viram pelo retrovisor a caminhonete de Walter vir em alta velocidade e colidir com o Kadett na frente deles. Contaram ainda não ter visto o condutor no local, somente duas mulheres.

A irmã de Walter, Mariana Pereira dos Santos, que estava no carro no momento do acidente, disse não ter visto a cor do semáforo, pois estava no banco de trás do veículo.

Ela relatou que permaneceu com o irmão no local durante cerca de 45 minutos, e teria o aconselhado a pegar um táxi para procurar um médico – Walter é cardíaco e estava com arritmia após a colisão.

Continua depois da publicidade

Réu pediu perdão à família

Às 10h30min o réu começou a ser inquirido pelo juiz. O homem relatou que é cirurgião-dentista, e que vinha constantemente a Florianópolis para ministrar cursos na área.

Disse que naquele dia havia saído para uma danceteria com a irmã e duas amigas em São José, e voltava para a casa dos pais, em Jurerê, quando aconteceu o acidente. Questionado por que saiu do local, afirmou que estava passando mal e que ficou com medo:

– Começaram a gritar que o carro poderia explodir, eu estava com uma arritmia, e as pessoas começaram a falar palavrões – disse.

Continua depois da publicidade

No final de seu depoimento, Walter se emocionou, afirmando que é um homem comum, e que jamais teve a intenção de machucar qualquer pessoa:

– Foi uma fatalidade. Imagino a dor da família, mas só posso pedir perdão.

Relembre o caso:

Fotos de radares mostram que o veículo cruzou o semáforo no vermelho e atingiu o Kadett em que estavam Mariana e o namorado Andrei Damasco, então com 24 anos. O carro dos jovens atravessava a Avenida Beira-Mar Norte para entrar numa travessa. A colisão ocorreu por volta das 5h de sábado, dia 5 de agosto de 2006.

Mariana morreu no local e o namorado que dirigia o carro se feriu gravemente, mas conseguiu se recuperar. O motorista da caminhonete, Walter Duart Pereira, não prestou socorro no local e se apresentou à polícia na segunda-feira. Na época, ele negou ter ultrapassado o sinal vermelho, mas sim passado no amarelo.

Continua depois da publicidade