A relação do ciclista com a bicicleta vai muito além do ato repetitivo de pedalar. Há aqueles que criam laços afetivos com a magrela, querendo levá-la aonde quer que vá. Outros preferem encará-la como um meio de transporte para todos os lugares, mesmo que de vez em quando. Há também quem pense na sustentabilidade: a bike como alternativa para um mundo melhor nas próximas gerações. Confira diferentes perfis de quem escolheu estar sobre duas rodas:
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Tatiana ajudou a criar o Circuito do Vale Europeu
Cada viagem uma descoberta
A bicicleta entrou na vida da empresária Tatiana Honczaryk há 10 anos. Proprietária de um hotel em Timbó, ela participou da criação do Circuito Vale Europeu – 300 quilômetros de roteiro que abrange as cidades de Timbó, Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio, Doutor Pedrinho, Rio dos Cedros, Benedito Novo e Apiúna – e começou a pegar gosto pelo esporte. No início, foi timidamente, com uma bike de passeio. Dez anos depois, Tatiana já tem na bagagem viagens que fez exclusivamente para pedalar.
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:: Como tornar o trânsito de Blumenau amigo da bicicleta
Se antes a empresária de 53 anos viajava para fazer compras e levava uma mala grande para as férias, agora tudo se resume a poucas peças de roupas, tênis, e, claro, a bicicleta. As viagens tornaram-se mais baratas, leves e prazerosas. França, Argentina, Alemanha, Áustria, Suíça e Itália já entraram no roteiro da ciclista.
– Comecei fazendo pedais leves aqui no Vale Europeu, de brincadeira. Começamos a organizar grupos semanais de pedalada e surgiu a ideia da viagem.
O primeiro destino foi a Via Claudia Augusta, que liga a Itália à Alemanha, em um trajeto de 700 quilômetros passando por quatro países. Com outros 17 ciclistas, Tatiana percorreu parte da rota, cerca de 490 quilômetros, de Roma a Munique, ano passado, sem carro de apoio. Com apenas nove quilos na bagagem, ela aprendeu sobre desapego, companheirismo e determinação:
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– Havia viajado muito, mas nunca de bicicleta. É uma sensação tão diferente, você tem um contato muito próximo com as pessoas e com o lugar. Acredito que só estando a pé ou de bike para sentir tudo isso. Férias para mim tem este sentido.
Embora pedale em lugares longínquos, é no Vale do Itajaí que ela recarrega as energias:
– A região aqui é linda para pedalar. Sempre quando volto de viagem vejo o quanto as paisagens daqui são lindas. Penso em ir para o trabalho de bicicleta, mas sinto que falta infraestrutura para me sentir segura.
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Tânia Mara já teve duas bicicletas roubadas
Bike todo dia
Tânia Mara Correia, 48 anos, é aquela ciclista que já passou poucas e boas com a bicicleta. Já teve duas roubadas, já sofreu acidente, o filho foi atropelado enquanto pedalava, mas mesmo assim não desiste da companheira fiel. Afinal, é ela quem a leva de casa para o mercado, do mercado para o banco. Moradora do bairro Fortaleza, faça chuva ou sol ela percorre as ruas Fritz Koegler e Francisco Vahldieck em sua bike vermelha.
– Se eu pudesse iria mais longe, mas não tenho coragem. Para o Centro acabo pegando o ônibus, mas não tem coisa melhor que andar de bicicleta. Ao mesmo tempo que vou de um lugar a outro, ainda estou fazendo exercício – brinca a moradora.
:: Grupo RBS lança campanha para fortalecer o respeito ao ciclista
Apesar de defender a bicicleta como meio de transporte, ficou abalada quando o filho, João Vítor, 16 anos, foi atropelado enquanto pedalava. Machucou apenas o joelho, mas nunca mais o deixou andar de bicicleta.
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O fato de não ter carro não a incomoda. O que tira Tânia Mara do sério é a falta de respeito dos motoristas com os ciclistas e dos pedestres que insistem em usar a ciclofaixa da Francisco Vahldieck:
– Quem é ciclista tem que se virar nos 30. Às vezes chego a ser malcriada porque tem gente que nem com a buzina respeita.

João Vítor já se define mais como ciclista do que motorista
Para fugir do trânsito
A relação do blumenauense João Vítor Krieger, 22 anos, com a bicicleta é recente. O estudante de Direito começou a pedalar mais a partir de 2012, quando percebeu que era a melhor opção para ir ao trabalho e à universidade de maneira rápida nos horários de pico.
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A primeira bike não era das melhores: um prêmio que o avô ganhou em uma rifa. Com o modelo simples e pesado, ele começou a fazer o trajeto Jardim Blumenau – Centro – Victor Konder diariamente. No ano passado comprou o primeiro carro, mas mesmo assim não alterou a rotina. Durante a semana, é a bicicleta que transporta João para reuniões, faculdade e trabalho. Mesmo com calça jeans, camisa e paletó ele não abre mão de gastar calorias e ganhar tempo percorrendo as ruas de Blumenau de bike:
– Sou mais ciclista que motorista. Meu trajeto é conveniente e apesar de estar mais suscetível a me sujar isso não me impede de deixar meu carro em casa.
:: Confira mais detalhes sobre a campanha
Quando decidiu comprar uma bike melhor, foi aconselhado pelo vendedor a comprar uma mountain bike, já que é mais resistente e se adequa ao trânsito de Blumenau. Mas confessa que ainda tem muito a aprender:
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– Vou aprendendo no instinto mesmo. Sinto falta de informações de segurança ou saber, por exemplo, qual cadeado é melhor.
Para o ciclista, a bike só traz benefícios, principalmente quando não precisa lembrar de abastecer ou pegar trânsito:
– Não tem sensação melhor do que estar indo do Centro ao bairro e ver todo mundo preso no trânsito e eu estar num ritmo fluido, sem me incomodar.
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