A ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o senador Bernie Sanders protagonizaram no domingo à noite uma longa discussão no quarto debate entre os pré-candidatos do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos.

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Clinton e Sanders, ao lado do ex-governador de Maryland Martin O’Malley, participaram de um evento fundamental para suas aspirações, pois, em duas semanas, Iowa receberá a primária que marcará o início do processo de escolha partidária.

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Diante da necessidade de marcar posições, Clinton e Sanders exibiram divergências em praticamente todos os temas, da política sobre a posse de armas até os impostos. No entanto, o confronto teve seu momento mais crítico no debate sobre o serviço de saúde pública.

Clinton, que durante o debate tentou se afirmar como a continuidade da presidência de Barack Obama, criticou a proposta de Sanders de renovar todo o sistema, alegando que isso significaria “destruir” o modelo vigente, que é conhecido no país como Obamacare.

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Apenas duas horas antes do início do debate, o comitê de campanha de Sanders divulgou um novo e completo programa de reforma do sistema público de saúde. Desta maneira, os aspectos centrais da proposta não puderam ser discutidos de maneira detalhada.

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O palco vira ringue

– Desmontar tudo o que fizemos (com a aprovação do Obamacare) e começar de novo… Acredito que este é o caminho equivocado – disparou Clinton.

Na resposta, Sanders disse que “o atendimento médico deveria ser um direito de cada homem, mulher ou criança”.

– Por que nós gastamos três vezes mais do que os britânicos, que têm um sistema universal, e nós temos 29 milhões de pessoas sem seguro médico? – questionou.

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No centro da discussão, está uma ideia que parece essencial aos democratas: a elaboração de um sistema de seguro médico público e universal, que enfrente os poderosos planos de saúde privados.

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Durante a discussão, a ex-secretária de Estado acusou Sanders de ter se beneficiado do apoio do lobby dos fabricantes de armas, de não ter uma estratégia clara para enfrentar o grupo radical Estado Islâmico e até mesmo de ter criticado Obama em 2011.

Enquanto o debate acontecia, o comitê de campanha de Clinton enviava constantemente uma série de e-mails sobre cada ponto tratado e praticamente todas as mensagens continham ataques diretos a Sanders.

A estratégia de Hillary Clinton foi a de tentar apresentar-se como a candidata capaz de unificar o país. Ela se esforçou em recordar que, como senadora, buscou acordos com líderes da oposição republicana.

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O papel do dinheiro

Hillary, no entanto, enfrentou um Bernie Sanders que utilizou dados concretos e até a ironia em seus ataques à rival durante o debate.

Sanders, que considera os maiores bancos do país os responsáveis por “corromper” a política, recordou que Clinton recebeu mais de meio milhão de dólares por conferências com os executivos de uma grande instituição bancária.

– Eu nunca recebi dinheiro por fazer um discurso para o Goldman Sachs – alfinetou Sanders.

Os bancos, afirmou Sanders, têm muito poder econômico e devem ser atacados frontalmente. Além disso, o senador declarou que seu programa contempla o aumento dos impostos para a classe média, mas garantiu que isso seria compensado com gastos consideravelmente menores com a saúde.

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A intensidade da troca de acusações entre os principais aspirantes à presidência do campo democrata é explicada pelas tendências dentro do partido a apenas duas semanas do início das primárias.

Apesar de liderar a disputa nacionalmente, Clinton pode perder nas duas primeiras votações das primárias: em 1º de fevereiro, em Iowa, onde aparece empatada com Sanders nas pesquisas, e em 8 de fevereiro, em New Hampshire, onde o adversário tem boa vantagem nas pesquisas.

Diante desse cenário, a direção do Partido Democrata teme a repetição de 2008, quando Clinton parecia invencível na campanha até que, no início das primárias, perdeu em Iowa para o então relativamente desconhecido senador Barack Obama.

Durante o debate de domingo, O’Malley, por sua vez, buscou desesperadamente sair de seu aparente “teto” entre os eleitores, que desde o início da campanha permanece entre 3% e 4%.

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Antes do evento, um porta-voz da campanha afirmou que O’Malley se recusava a atacar os outros pré-candidatos e utilizaria o debate para apresentar seus projetos.

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