Hemerson Maria se despediu do Joinville na manhã desta sexta-feira pela porta da frente. Em uma entrevista coletiva de quase 50 minutos na Arena, o treinador não escondeu a emoção. Chorou para falar da família, se mostrou orgulhoso pelos títulos que conquistou, sorriu para falar sobre o carinho que recebeu da torcida, mas também falou sobre a dor da partida. Ele deixa o JEC sem mágoas, diz entender a decisão da diretoria, mas sente bastante o rompimento desta relação que durou mais de 18 meses.
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– Ninguém sabe o que eu sofri para chegar onde estou. Mesmo aprendendo que um treinador vive de resultado, a única certeza que eu tinha que eu cheguei aqui era a de que um dia eu sairia. E essa partida é dolorosa. Meus pais sempre me ensinaram que, independentemente do resultado que você conquista com uma equipe, o mais importante é o legado que você deixa – comentou, emocionado, o treinador.
Legado é uma palavra que vai acompanhar o nome de Hemerson Maria na história do Tricolor. Foi o técnico quem conduziu o JEC a duas de suas mais importantes conquistas: o acesso para a Série A e o título da Série B de 2014. Além disso, levou a equipe até a conquista do título estadual (o Figueirense ainda tenta, na Justiça, reverter o resultado da decisão). E fez tudo isso precisando vencer outras dificuldades.
– É engraçado. Essa química, talvez, não desse certo. Um manezinho, que passou pelos times da Capital, e negro ainda, em uma cidade de colonização alemã. Tinha tudo para dar errado. Mas jamais sofri qualquer tipo de preconceito de parte alguma. Saio na rua e sou muito reconhecido pelo torcedor. Saio daqui carregando todo mundo dentro do meu coração e dando um até breve, porque tenho certeza que, mais na frente, vamos estar nos encontrando novamente – afirmou.
Mantendo a postura que marcou toda a sua trajetória no Tricolor, o comandante não fez críticas ao grupo de jogadores que comandou. Apesar da queda de rendimento da equipe, que culminou com a sua demissão no início da tarde desta quinta-feira, o técnico acredita que o elenco tem capacidade para sair da situação em que se encontra.
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– O que não falei publicamente não estarei falando na minha despedida. Só tenho a agradecer aos jogadores. No ano passado, nessa mesma rodada, a Chapecoense tinha a mesma pontuação do Joinville e depois se recuperou. Não adianta culpar um ou outro atleta. A culpa é de todos nós, mas é uma situação completamente reversível – frisou.
Agora, Hemerson Maria retornará para Florianópolis, onde tentará descansar ao lado da família. O treinador revelou que mais de cinco equipes já o procuraram desde o anúncio de sua saída, mas avisa que não terá pressa para definir o seu futuro.
– No Procasa, ter um período sabático é difícil. Agora, quero descansar alguns dias. Já tive a procura de cinco ou seis equipes, mas quero ter um período para pensar. Não quero decidir em cima da emoção. Gosto de trabalhar em cima de um projeto, de objetivos. Não sou um treinador com o perfil de chegar para apagar incêndios – finalizou o comandante.