– Quando cheguei vi alunos correndo e professores chorando -, conta a estudante Ariele Cardoso sobre o tumulto na UFSC, na terça-feira.

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O local virou um verdadeiro campo de guerra em função de uma ação da Polícia Federal, que deveria coibir o uso de entorpecentes e o tráfico de drogas na universidade, mas resultou em um confrontro entre 300 estudantes e policiais.

Como acontece todas as terças-feiras, a mestranda em Antropologia Social sai de Joinville e vai para o estágio em Florianópolis. Ao entrar no campus, por volta das 17 horas, percebeu a movimentação de duas viaturas da Tropa de Choque da Polícia Federal entrando logo à frente do veículo onde estava. Estranhou a presença da polícia no local.

– Nunca vi nenhuma movimentação policial por aqui, mesmo sabendo de tantos casos de assalto e sequestro na UFSC.

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Ela foi direto para o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) onde estavam dois professores. De lá, ouviram tiros e viram os estudantes correndo em direção ao CFH.

– Em menos de cinco minutos o gás chegou onde estávamos. Minha professora estava chorando desesperada, alunos passando mal, vomitando, e inúmeros feridos – relembra.

Os estudantes correram para dentro do prédio para os andares mais altos. Outros estudantes ocuparam a reitoria.

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– Os olhos ardiam, o rosto todo ardia e a respiração ficou difícil. Era praticamente impossível permanecer no campus.

A aula seguiu até as 21 horas, mas o foco principal ainda era o ocorrido no campus.

– Os funcionários da cantina, e até mesmo nós que estávamos ali nas redondezas fomos acuados pela inalação insuportável do gás.

O tumulto

A confusão teria começado por causa de um estudante fumando maconha no bosque da universidade. O bosque fica entre o planetário e o Centro de Filosofia e Humanas (CFH). O tumulto começou entre policiais militares, federais e estudantes e resultou na prisão de cinco jovens

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A Tropa de Choque foi acionada e gás lacrimogênio e bombas de efeito moral foram jogadas contra os estudantes. Cinco alunos foram presos e dois policiais ficara levemente feridos. Os manifestantes invadiram a reitoria e pretendem ficar lá até que um documento que proíba a ação da força policial no campus seja assinado.

Audiência pública

Após confronto, os estudantes reivindicaram melhorias na iluminação e segurança do campus.

Na manhã desta quarta-feira, a direção da UFSC decidiu realizar uma audiência pública na tarde desta quarta-feira, às 16h, no auditório Guarapuvu, no Centro de Eventos, para discutir o confronto com as polícias federal e militar.