Desde o final de semana, peixes mortos começaram a aparecer em Laguna e no Rio Tubarão, no Sul de Santa Catarina. A Polícia Ambiental, junto a professores de Ictiologia, Engenharia de Pesca e Química da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) de Laguna, foram a campo para fazer coletas de material na manhã desta quarta-feira. Um laudo, que deve determinar a causa das mortes, será divulgado até o final desta semana.

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– Percorremos o Rio Tubarão e fizemos um patrulhamento no Complexo Lagunar, nas lagoas de Santo Antônio, Mirim e Imaruí. Em ambas as regiões, visualizamos esses pescados, que são a popular savelha, boiando. Eles estavam agonizando, na busca de oxigênio – informa o cabo Robson Vieira, da Polícia Ambiental.

A equipe fez coleta de água, algas e alguns pescados. Vieira informa que, em análise preliminar, foi descartada a possibilidade de que as mortes estejam associadas ao vazamento de mineradora de carvão de Lauro Müller, que aconteceu no final de novembro.

– Não tem nada associado com aquele vazamento. Após a coleta, o material foi encaminhado para o laboratório da Udesc, aqui em Laguna. Mas, no local, já foi feita uma medição de oxigênio da água, que estava muito baixo do normal, e pode ser a causa da mortandade – completa Vieira.

Foto: Elvis Palma/ Arquivo Pessoal

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O cabo explica que o que pode ter ocorrido, a ser confirmado pelo laudo laboratorial, seja uma eutrofização da lagoa em função das altas temperaturas e do pouco vento na região.

– Um tempo atrás houve muito calor no nosso Estado, que refletiu nas lagoas. Como não houve vento, foi uma série de fatores que afetou essa espécie, que é mais sensível. O oxigênio dissolvido na água ficou muito baixo, então foi uma reação em cadeia. Mas só teremos um pronunciamento oficial quando sair o laudo – conclui.

Quando o laudo sair, até o final desta semana, os órgãos competentes do município serão comunicados e farão um pronunciamento oficial para informar à imprensa e a população.

Foto: Elvis Palma/ Arquivo Pessoal

Boto é encontrado morto na Praia do Mar Grosso

Além dos peixes, um boto foi encontrado morto na Praia do Mar Grosso nesta terça-feira, também em Laguna, no Sul do Estado. O professor de Engenharia de Pesca da Udesc de Laguna, Pedro Castilho, coletou a carcaça do animal para análise, mas informa que ainda não é possível determinar a causa da morte.

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– É um boto da espécie Tursiops truncatus, que é a mesma aqui de Laguna. Mas, como ele estava em avançado estado de decomposição, a gente não consegue fazer algumas análises mais precisas de causa mortis efetiva – aponta.

O boto, que tinha pouco mais de seis meses de idade, era uma fêmea. O material coletado foi encaminhado para análise toxicológica e genética, em São Paulo e na UFSC, em Florianópolis, para determinar se o cetáceo tinha algum grau de parentesco com os animais que povoam Laguna ou se pertencia a algum grupo oceânico.

Castilho acredita que não há ligação entre a morte do boto e as mortes dos peixes da região.

– A princípio não há nenhuma evidência que comprovaria qualquer tipo de relação. A aparência é de que ele já estava na água há um bom tempo. Ele chegou na praia já esturricado, já estava só a pele e a carcaça – diz.