O governo estadual perdeu a queda-de-braço com sua própria base aliada e terá de recomeçar toda a articulação para aprovar a nova política salarial dos professores. A retirada, na tarde de quarta-feira, da medida provisória (MP) que desvinculava os profissionais temporários (ACTs) da carreira do magistério coroou um processo que deixou clara a falta de diálogo entre o Centro Administrativo e parte dos partidos que o apoiam – especialmente o maior deles, o PMDB.

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Essa reconstrução foi iniciada ainda na quarta, aos trancos e barrancos. Os secretários Nelson Serpa (Casa Civil) e Eduardo Deschamps (Educação) receberam grupos de deputados em duas reuniões para explicar pontos do futuro plano de carreira do magistérios – com a promessa de aumentos maiores para profissionais com mais tempo de serviço e titulação. Também estariam previstas demandas do Sinte/SC, como a equivalência salarial entre ACTs e efetivos e a manutenção de faixas da carreira abaixo do nível superior. Uma terceira reunião, com deputados do PMDB, também estava marcada, mas foi transferida para as 9h desta quinta-feira.

– Antes de ser encaminhado à Assembleia, será debatido com os deputados e os professores. Tivemos um resumo e, pelo que vi, só existem ganhos para os professores – afirma o líder do governo, Sílvio Dreveck (PP)

Ainda na noite de quarta-feira, através de assessoria, Deschamps afirmou que o projeto não aporta no Legislativo enquanto o Sinte mantiver a greve da categoria. Ao mesmo tempo, o sindicato afirma que a paralisação permanece enquanto não tiver acesso ao anteprojeto. O novo impasse deve garantir o tempo necessário para o governo estadual recomponha as peças de uma base aliada que ainda não testou na prática neste segundo mandato de Raimundo Colombo (PSD).

– Convencer a base não é difícil. O maior problema é encontrar um projeto justificável, razoável e ter a coragem de bancá-lo – afirma um governista.

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Uma das maiores críticas dos parlamentares em relação à MP era justamente a falta de diálogo antes da apresentação, feita às vésperas de uma viagem oficial do governador Raimundo Colombo (PSD) aos Estados Unidos e em meio às discussões entre Deschamps e o sindicato sobre o novo plano. A MP acabou insuflando parte da categoria para a greve iniciada em 24 de março e deixou desconfortável a base aliada.

A maior reação veio do PMDB. Relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça, Mauro de Nadal (PMDB) apresentou parecer contrário. Na terça-feira, o partido praticamente fulminou a MP ao declarar que a bancada toda votaria pela derrubada.