O governo do Estado encaminha nesta quinta-feira uma mudança radical nas proposta de reforma previdenciária apresentada à Assembleia Legislativa no final de novembro. Por emenda ao texto já em tramitação no parlamento, o governo vai extinguir o fundo previdenciário criado em 2008, juntar os 13,7 mil funcionários contratados depois dessa data aos demais 54,6 mil servidores em um único grupo e utilizar os R$ 800 milhões em caixa no Iprev para pagar aposentadorias ao longo de 2016.
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Dúvida jurídica cria impasse em projeto que reajusta alíquotas da previdência
As conversas ganharam corpo nos dois dias em que a equipe técnica da Secretaria da Fazenda discutiu com Iprev e Procuradoria-Geral do Estado a impossibilidade jurídica de reajustar de 11% para 14% apenas as alíquotas previdenciárias dos servidores contratados antes de 2008. Naquele ano, durante o governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB), foi feita a reforma da previdência que separou os servidores estaduais em dois grupos: o primeiro, dos que haviam ingressado no Estado até então, continuou tendo suas contribuições revertidas para o caixa do Estado, responsável direto pelo pagamento das aposentadorias.
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Os demais passaram a integrar o fundo previdenciário do Iprev, que reuniria as contribuições em um sistema de poupança para garantir as futuras aposentadorias. Era a chamada segregação das massas. O comandante da reforma era o então secretário de Administração: Antonio Gavazzoni.
Ainda na terça-feira, como antecipou o DC, o governo havia definido que a solução para impasse jurídico era aplicar o aumento das alíquotas para todos os funcionários, inclusive os que serão futuramente contratados. Embora mais simples, a medida tinha efeitos colaterais. O principal deles era fazer com que o repasse patronal do Estado para o fundo previdenciário também fosse para 14%, indo contra a lógica de reduzir o gasto do governo com previdência.
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Na tarde de terça-feira, enquanto os cerca de mil servidores públicos que protestavam contra as reformas partiam da Alesc para o Centro Administrativo, Gavazzoni fez o caminho inverso. Foi conversar com o presidente do Legislativo, Gelson Merisio (PSD), sobre o clima para uma mudança no projeto e o fim da reforma ratificada pelo parlamento em 2008. O parlamentar deu abertura às mudanças e o secretário fez o relato a Colombo, que deu o sinal verde para a emenda.
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Ainda no final da tarde de quarta-feira, o líder do governo na Assembleia, Sílvio Dreveck (PP) aguardava a chegada das emendas do aumento geral das alíquotas e também da extinção do fundo previdenciário.
— Não faz sentido ter três tipos de servidor, um pago pelo tesouro, outro por sistema de poupança e um terceiro com teto e fundo complementar –defendeu o pepista, em referência ao SCPrev, aprovado minutos antes.
Uma reunião extraordinária das comissões foi marcada para hoje. Dreveck deve apresentar o parecer da proposta já emendada. A expectativa do governo é aprovar as mudanças antes do recesso parlamentar.– É visível o tratoraço. Ainda não tivemos acesso a detalhes sobre essas mudanças, vamos descobrir na reunião – afirma a líder do PT na Alesc, Luciane Carminatti.
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