As longas negociações entre os secretários de Estado e o governador Raimundo Colombo com executivos da BMW, cheias de altos e baixos, começaram com a leitura de uma reportagem em jornal. Daquele dia e até a confirmação do investimento da montadora alemã em SC, em outubro do ano passado, passaram-se 530 dias de muitas conversas, trabalho e o cumprimento de mais de mil exigências.

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Algo ficou claro no fim deste longo processo: o governador Raimundo Colombo sabe guardar segredo. Exatos 60 dias antes da BMW confirmar o investimento no Brasil, Colombo foi informado de que a BMW se instalaria em SC. E ele não contou sobre este fato para ninguém, nem para a neta. O governador atendeu a um pedido do portador da mensagem, o vice-presidente executivo da empresa alemã, que confidenciou a informação em uma visita que fez para Colombo em Florianópolis, mas pediu sigilo absoluto.

O anúncio do local escolhido foi feito no dia 22 de outubro, encerrando uma espera de 530 dias. Este foi o tempo transcorrido desde 12 de maio de 2011, quando o jornal Valor Econômico publicou que a montadora planejava uma unidade no Brasil. A leitura da reportagem foi o marco inicial do projeto BMW. Em viagem à Europa, Colombo enviou o vice-governador, Eduardo Pinho Moreira, e o secretário do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Paulo Bornhausen, para conversar com o presidente da empresa no Brasil.

::Projeto adiado por um ano cria expectativa

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Ao falar com o então presidente da BMW no Brasil, o secretário de Estado de Desenvolvimento, Paulo Bornhausen, foi enfático:

– Viemos aqui porque escolhemos a BMW para ser a montadora que vai se instalar em Santa Catarina.

A partir daquele momento, a montadora e o governo de SC iniciaram as negociações. A visita dos representantes do governo Colombo foi retribuída em junho pela direção mundial da BMW. O governador repetiu as palavras do secretário e cada lado montou seu time. SC escalou Bornhausen e o secretário de Assuntos Internacionais, Alexandre Fernandes.

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O mês nem havia acabado quando eles embarcaram para a Alemanha. Conversaram com os três executivos da montadora que lideraram as negociações. Os alemães queriam decidir até novembro. Tudo caminhava bem até as montadoras brasileiras se queixarem da invasão dos veículos chineses no mercado e Brasília aumentar o IPI para carros importados. A medida saiu em setembro de 2011 e atingiu em cheio os planos da BMW.

O prometido novo regime automotivo, que visava incentivar investimentos de montadoras estrangeiras no Brasil, o que iria equilibrar novamente o jogo, saiu somente em outubro de 2012. No final do mês, finalmente, a BMW confirmou SC como o local de sua primeira fábrica na América do Sul.