Entre os escombros deixados pela revolta dos presos na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), as autoridades paranaenses buscam pistas para chegar à explicação de como começou a rebelião que durou quase 45 horas e resultou em pelo menos cinco mortos – dois decapitados – e 25 feridos.

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Os primeiros indícios mostram que os detentos não planejaram a rebelião – quando surgiu uma oportunidade, eles aproveitaram. Nas primeiras horas da manhã de domingo, um agente penitenciário entrava em uma cela carregando um molho de chaves na cintura. Neste momento, ele teria sido imobilizado pelos presos, que começaram a abrir outras grades, contou a Zero Hora uma fonte de dentro do governo do Paraná, que pediu para ter o nome preservado. Dois agentes penitenciários que foram feitos reféns sofreram apenas escoriações.

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Ao saírem das celas, os presos seguiram o roteiro das rebeliões nas cadeias brasileiras, começando pela execução de homens jurados de morte. Os assassinatos podem não ter nada a ver com brigas de facções – uma das hipóteses é de que os alvos tenham praticado crimes que não são admitidos pela população carcerária, como estupro (pelo qual são conhecidos como duques) e homicídio de crianças, ou sejam ex-policiais ou delatores.

As mortes serão investigadas pela Delegacia de Homicídios, uma das 22 ligadas à 15ª Subdivisão de Polícia Civil de Cascavel (SDP). No final da manhã de terça-feira, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML).

– Além dos homicídios, os presos rebelados cometeram outros crimes que serão investigados pela polícia – afirma Pedro Fernandes de Oliveira, delegado-chefe da SDP.

Autoridades fazem levantamento sobre detentos

Conforme a Defensoria Pública, está sendo feita uma contagem de todos os presos que estavam na PEC. O levantamento servirá para identificar se há mais alguma morte não contabilizada ou fuga da cadeia.

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Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, Assis do Couto expressou preocupação com os efeitos do motim:

– É preciso prestar atenção às transferências dos mais de 800 detentos para outras unidades penitenciárias do Paraná, levando em consideração a destruição de 80% da PEC durante a rebelião. As transferências já começaram e já existem relatos à Comissão de Direitos Humanos de que a maior parte das penitenciárias ficará superlotada e com poucas condições de abrigar os detentos transferidos de Cascavel.

Confira imagens da rebelião:

*Zero Hora