Praticamente ao mesmo tempo em que os professores votaram pelo indicativo de greve para 10 de março, o governo estadual sinalizou nesta terça-feira estar disposto a adiar por um mês a tramitação da Medida Provisória 198, que fixa a remuneração básica do professor admitido em caráter temporário (ACTs).
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De acordo com a Secretaria de Educação, a ideia é discutir possíveis alterações com representantes da categoria, para só depois o texto ir a discussão e votação na Assembleia Legislativa. O acordo seria anunciado na manhã de terça, mas como a reunião na Alesc terminou em tumulto, o governo diz que a proposta agora depende de um recuo dos professores para ser colocada em prática.
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– Nós indicamos que a negociação para os ajustes só ocorre com a categoria trabalhando. Houve acerto entre governo e Alesc, mas o pessoal não deixou nem a gente informar isso. Agora aguardamos um posicionamento oficial do sindicato – declarou o secretário de Educação, Eduardo Deschamps, em entrevista coletiva à tarde.
O secretário também lamentou a confusão e foi categórico ao afirmar que, sem a MP, todo o novo plano de carreira do magistério fica inviabilizado. Ele considerou ainda que há um processo de desinformação sobre a proposta e que ela é necessária para garantir condições de equilíbrio entre ACTs e efetivos.
Hoje o Estado conta com 12 mil professores ACTs que têm contratos de, no máximo, 10 meses por ano. O número representa metade do total de trabalhadores da categoria em Santa Catarina.
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Com indicativo de paralisação aprovado, dúvida agora é a data
Embora ao longo da tarde tenha sido citada a possibilidade de não haver estado de greve, os pelo menos 3 mil professores que se reuniram ontem em assembleia no Centro de Florianópolis descartaram o cenário antes mesmo da votação, escolhendo entre apenas duas opções: paralisar as atividades no dia 10 ou no dia 17 de março. A decisão é de que a paralisação pode começar no dia 10, após nova assembleia.
O grupo ainda caminhou até a Secretaria de Estado da Educação (SED), encerrando o ato por volta das 18h. Com os ânimos inflamados após a confusão da manhã na Assembleia Legislativa – quando uma multidão invadiu a sala de Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acabou impedindo a leitura da MP 198 -, os professores também decidiram por mais um ato na Alesc na próxima terça.
A ideia é barrar a tramitação da medida, mas o cenário pode ser alterado com a promessa de que o governo irá segurar a votação por mais 30 dias. Entretanto, segundo o coordenador estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino (Sinte-SC), Luiz Carlos Viera, nem mesmo a retirada imediata da MP tranquilizaria a categoria.
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– A partir de agora, virou outro debate. Não é mais apenas sobre uma medida provisória específica. Mas a MP continua sendo o foco. Se o governo não retirá-la, vamos ter que acampar dentro da Alesc.
Pontos de conflito
O que os professores alegam: contratação por hora-aula não remunera o tempo de preparação para o ensino
O que diz o governo: preparação é hora-atividade, que continua existindo. O ACT pode ser contratado por módulos de horas. A lógica é a seguinte: para contratar um módulo de 10 horas, é preciso 8 horas-aula, as outras duas são horas-atividade.
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O que os professores alegam: o fim da regência de classe diminuirá os salários em até 25%
O que diz o governo: na nova carreira a proposta é que a regência seja incorporada ao vencimento e seria criado o “incentivo à sala de aula”.
O que os professores alegam: divisão dentro da mesma categoria causa desmobilização
O que diz o governo: as categorias são diferentes e por isso o governo entende que o ACT não deve ter benefícios de uma carreira.
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