Do que é capaz uma família fragilizada pela doença? É com a certeza de que um filho fará tudo o que pode para ver o pai bem que contam os golpistas que colocaram vários hospitais do Norte de Santa Catarina em alerta esta semana.

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Um golpe parecido com o que foi descoberto em outubro do ano passado e levou o Hospital São José de Joinville a emitir uma nota apelando para que os familiares dos pacientes jamais paguem por procedimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se alastrou.

Neste mês, os casos se multiplicaram em Canoinhas, Rio Negrinho, Mafra, Itajaí e em dois hospitais públicos de Joinville, o São José e o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.

Os golpistas se apresentam como funcionários ou técnicos de uma das centrais de regulação de leitos do Estado. A central que atende a todos os municípios do Norte, Nordeste e Planalto Norte do Estado funciona em Joinville.

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Os criminosos ligam para funcionários dos hospitais alegando algum problema técnico. Pedem, então, que os funcionários dos hospitais informem a lista dos pacientes da UTI.

Com o sucesso da primeira fase do golpe, o acesso à identidade dos pacientes, fica fácil para os golpistas encontrarem seus familiares e tentar a fase financeira do crime.

Por telefone, eles informam que o paciente precisa de algum procedimento que não é pago pelo SUS e que, pela urgência, o familiar precisa depositar certa quantidade de dinheiro em contas bancárias informadas a eles pelos golpistas. Tudo em questão de horas, já que o paciente exige cuidados especiais e urgentes.

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Em um dos casos, o golpista ligou por volta das 8 horas da manhã e pediu R$ 2,5 mil por um procedimento que seria realizado ao meio-dia. Caso de vida ou morte. Se o familiar não depositasse, o exame não seria realizado e ele, o familiar, teria de se responsabilizar caso o paciente não resistisse.

– Isso não existe. O tratamento completo do SUS é gratuito. Quando o paciente dá entrada pelo SUS, não pode ser cobrado nada. Se tiver algum exame complementar, o hospital providencia. Não tem custo nenhum para a família – diz Carlos Friedrich, coordenador de enfermagem do Hospital de Mafra.

Segundo ele, houve várias tentativas nos últimos dias na unidade. Um dos fatos que denunciou o golpe é que os criminosos não conheciam uma das siglas usadas pelos técnicos envolvidos com a regulação de leitos.

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O gerente de regulação da macrorregião Nordeste Planalto Norte, João Deniz Vick, emitiu um alerta para hospitais de toda a região, pedindo que os funcionários sejam orientados a jamais passar a identidade dos pacientes por telefone.

– A gente está orientando, via email, pra deixar todos os funcionários em alerta, para que não informarem listas de pacientes. A Regulação tem acesso aos pacientes internados na UTI pelo sistema. É importante alertar que a central nunca faz contato direto com o paciente ou familiar – diz João Deniz.

Desde o ano passado, vários boletins de ocorrência já foram feitos na Polícia Civil, alertando para o golpe. No Hospital Regional, uma família, antes de pagar, procurou pela direção do hospital para pedir informações sobre a suposta cobrança.

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Até agora ninguém foi identificado ou preso. A Polícia Civil da região está investigando os números de onde foram feitas as chamadas.