Um levantamento completo do atual quadro financeiro da Metalúrgica Duque, que enfrenta uma grave crise há pelo menos seis meses, será apresentado em 15 dias, informou terça-feira a Corporate Consulting, contratada para diagnosticar a situação da tradicional companhia joinvilense.

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A empresa paulista, especializada em assessoria e consultoria, também já recomendou o afastamento dos atuais administradores da Duque. Esta é a condição para que ela possa assumir o negócio e tocar o processo de recuperação.

A partir de agora, a Corporate Consulting – que rearranjou o processo gerencial e administrativo-financeiro da Douat Têxtil no ano passado, aumentando o faturamento da companhia – vai concentrar esforços na conclusão do documento, que vai apontar quais estratégias deverão ser aplicadas para permitir a recuperação da Duque.

– Para isso, precisamos conhecer em detalhes o passivo, os ativos e a capacidade de geração de caixa dos produtos, isto é, faturamento, custos e margens, sempre visando fazer frente aos compromissos futuros de equalização da dívida – explica Ricardo Vastella, diretor da consultoria paulista.

Segundo Vastella, cinco profissionais – número que, segundo ele, é maior do que o habitual – trabalham no caso, considerado urgente.

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São analistas e especialistas com grande experiência em casos parecidos com os da Duque. No entanto, ainda é cedo para apontar possíveis saídas. O executivo compara o trabalho desenvolvido pela Corporate Consulting ao de uma equipe médica.

– A empresa entrou na UTI em coma. Primeiro, precisamos estabilizar o quadro para depois pensar em como curá-la.

Com o diagnóstico definido, o próximo passo será a implementação das medidas sugeridas. De acordo com Vastella, elas devem apontar para ações que permitam o aumento da capacidade de geração de caixa. A primeira etapa deste processo é o retorno das atividades em alguns setores da linha de produção, o que pode ocorrer em fevereiro.

Dívida é menor

O presidente da Corporate Consulting, Luís Alberto de Paiva, negou que a atual dívida da Duque seja de R$ 200 milhões, como informou na última sexta-feira o Sindicato dos Mecânicos (Sindmecânicos), entidade que representa os trabalhadores que cobram salários atrasados.

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– A dívida da empresa é menor do que isso – disse, por e-mail, à reportagem.

Vastella diz que a Corporate trabalha com um número de R$ 170 milhões, que ainda não é definitivo. A possibilidade de a metalúrgica entrar com um pedido de recuperação judicial, já sugerida pelo Sindmecânicos, não está descartada, embora o diretor reforce que há outros meios possíveis para recuperar a empresa.

Sem nova proposta para pagamento dos salários

O diretor da Corporate Consulting, Ricardo Vastella, informou que, por enquanto, não existe nova proposta sobre o atraso dos salários dos funcionários, que estão sem receber desde novembro – incluindo ainda metade do 13º salário.

No último dia 7, em reunião com representantes do Sindicato dos Mecânicos (Sindmecânicos), a empresa propôs pagar os vencimentos atrasados de novembro até o dia 31 deste mês.

Os de dezembro e metade do que ainda falta do 13º seriam quitados até 28 de fevereiro. Os trabalhadores rejeitaram a hipótese, exigindo o pagamento imediato. Uma nova reunião para discutir o tema será realizada no dia 27.

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A Duque já chegou a ter 1,2 mil funcionários, mas atualmente está com apenas 690. A metalúrgica anunciou que outros 200 desligamentos iriam ocorrer de forma gradativa até o fim de fevereiro, reduzindo o quadro para 490 pessoas.