Reflexões sobre ações imediatas contra o avanço da violência no país marcaram a abertura do primeiro Fórum Nacional de Juízes Criminais, ontem, em Florianópolis.
Continua depois da publicidade
Cerca de 250 magistrados estaduais e federais participam do evento, que vai até amanhã. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e corregedor nacional de Justiça, José Otávio de Noronha, palestrou na abertura. Ele conversou com o DC antes da solenidade, no Costão do Santinho.
O presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, desembargador Torres Marques, defendeu uma maior integração entre os poderes e afirmou que o Estado precisa se organizar mais para combater o avanço do crime. Ele lamentou o fato de as facções criminosas estarem sempre um passo à frente em relação às instituições estatais e cobrou o fortalecimento das inteligências das polícias e medidas de prevenção nas ruas.
A juíza Jussara Schittler dos Santos, vice-presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses, destacou a troca de experiências entre os juízes como fundamental no atual momento.
Continua depois da publicidade
– O criminoso pode estar em qualquer lugar, até virtual. Não podemos depender de mudanças legislativas, a mídia e a população cobram respostas imediatas do Judiciário – destacou.
O fórum surgiu no começo do ano em uma mobilização de juízes em conversas pelo WhatsApp e busca agora o aperfeiçoamento dos magistrados criminais, propostas de políticas públicas, a uniformização dos métodos de trabalho, entre outras medidas. A situação caótica do sistema prisional também gerou preocupação entre os juízes.
Entrevista – José Otávio de Noronha, corregedor nacional de Justiça
“O encarceramento não diminui a violência”
De que forma os juízes criminais podem ter uma atuação mais contundente para se reduzir a violência?
Vejo a criminalidade no Brasil como uma derrota do sistema judiciário perante a ela. Por mais que julgamos, prendemos, a criminalidade não diminui. A verdade é essa. O encarceramento, às vezes exagerado, também não está diminuindo a violência. Precisamos discutir, modernizar e humanizar o processo, recuperar o preso para voltar à sociedade sem reincidir.
Continua depois da publicidade
O senhor acha que a linha dos juízes mais legalistas deveria ser mais seguida no Brasil?
O juiz deve ser legalista, que automaticamente é um juiz garantista, que respeita a dignidade da pessoa humana, não um magistrado que permite a prisão ilegal.
Na opinião do senhor, por que há tantas queixas de “prende e solta” no meio policial?
Porque se espera que o policial fosse alguém preparado, mas a realidade mostra que não são preparados.
Recentemente houve em SC uma denúncia contra um desembargador (acusado por um advogado de cobrar propina). Quais as providência que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tomou?
Continua depois da publicidade
A atuação do CNJ é a de investigar, acompanhando a investigação que já está sendo feita pelo Tribunal de Justiça.
Qual a sua avaliação sobre esse caso?
A denúncia é grave, mas não temos avaliação ainda.
Leia mais
Magistrados debatem aplicação das leis e enfrentamento ao crime organizado em Florianópolis