A viagem para o Paraná era para ter sido apenas uma excursão de apaixonados pelo Avaí atrás do seu clube do coração. O micro-ônibus partiu de Florianópolis às 14h45min desta terça-feira para chegar até as 19h30min, o horário da partida em Curitiba.

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Apesar da ida ter sido tranquila, o retorno foi trágico. Um torcedor morreu ao ser atingido por pedras na BR-101, no trecho de Balneário Camboriú, no começo da madrugada desta quarta-feira.

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Segundo um torcedor que estava no veículo, que não quis se identificar em entrevista ao Diário Catarinense, o grupo foi criado a partir do Facebook e não tinha qualquer envolvimento com torcidas organizadas.

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Diário Catarinense – Como foi a viagem para o Paraná?

Torcedor – A gente tem um grupo no Facebook da torcida do Avaí. E todo mundo estava se programando para viajar e ir ao jogo. Eu não tinha como ir, estava sem carro e tal. Foi todo mundo colocando nome ali. Mas em nenhum momento com torcida organizada. Ninguém. A nossa ida foi bem tranquila, mas na volta, quando chegou na altura antes do Walmart, passou um Corsa branco pela gente com quatro indivíduos dentro. Mas não dava para ver camisa nem nada porque estava muito escuro.

DC – Isso em Balneário Camboriú?

Torcedor – Isso, perto do Walmart. Eu ainda comentei com a minha namorada que eles passaram olhando pra gente. E foi coisa de minutos que aconteceu isso tudo. Eles vieram só pra confirmar se era a torcida do Avaí e pensaram que era a organizada e acabou acontecendo essa fatalidade aí.

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DC – E o João (morto na ocorrência) era conhecido seu ou de um amigo?

Torcedor – Não. As pessoas foram colocando nome ali (no grupo) e foram 22 pessoas. Na verdade, eu tinha dois conhecidos e a minha namorada. E a gente conheceu todo mundo na hora. Nos encontramos no Terminal Florianópolis para a viagem.

DC – No jogo tudo foi tranquilo também?

Torcedor – Tranquilo. O João era um cara super tranquilo, criou amizade com todo mundo. Até nosso ônibus ficou sem bateria na ida e ele deu uma assistência total. Foi um situação, nossa… Meu Deus do céu. A sorte que não pegou no motorista. Se tivesse pegado nele aí ia ser pior.

DC – O que aconteceu que o João estava lá na frente do ônibus?

Torcedor – O meu amigo estava conversando com o motorista para ele não acabar dormindo porque já era tarde. E a galera estava meio que revezando para não deixar o motorista sozinho e foi aí que aconteceu isso aí.

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DC – Então ele teria ido lá para conversar com o motorista?

Torcedor – Até ele (João) pediu para ficar conversando com o motorista naquele lugar.

DC – E fazia muito tempo que ele estava lá na frente?

Torcedor – Fazia uma meia hora.

DC – Você viaja muito para jogos?

Torcedor – Não. Apenas com a família e namorada. Mas em excursão foi a primeira vez. Primeira e última vez.

DC – E como foi quando jogaram as pedras? Quando vocês perceberam que havia algo errado?

Torcedor – Foi muita pedra porque bateu em cima do ônibus, meu Deus. Daí o ônibus queria parar. Só que se a gente parasse ia ser muito pior. Os caras iam vir na gente, entendeu? Só que o motorista falou: “pegou pedra no menino”. Só que ninguém sabia a gravidade da situação, porque estava todo mundo muito apavorado e ninguém é acostumado com isso. Quem vive dentro de torcida organizada já é acostumado com isso. E a gente que foi só para passeio e ver o time que a gente ama acontece isso.

DC – Você foi para a frente do ônibus naquele momento?

Torcedor – Não, daí quando estava todo mundo apavorado e o motorista queria parar, eu disse para não parar. Daí ligaram para o Samu logo em seguida e eu liguei para o 190 para avisar o que estava acontecendo. Só que quando começamos a subir o Morro do Boi eu fiquei sem sinal. Aí paramos na Polícia Rodoviária Federal para ter assistência.

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DC – Quando o João levou a pedrada ele ficou desacordado?

Torecedor – Tipo, vou ser bem sincero pra ti. Uns dizem que ele estava dormindo e outros que ele estava conversando com o motorista. Eu, particularmente, não sei, porque eu estava sentado atrás. Mas do jeito que ele estava e a pedra pegou, acho que ele estava com a cabeça encostada, dormindo. Porque pegou mais na parte lateral da cabeça e acho que ele estava de cabeça de lado. Foi um coisa horrível… horrível, horrível. Infelizmente não sei como tem pessoas que conseguem fazer isso com um ser humano.

DC – Como foi quando vocês pararam na polícia?

Torcedor – Nós paramos na polícia e passamos a situação da gravidade. Eram pedaços de pedra gigante. A Autopista chamou o Samu, que deu toda a assitência. O policial depois voltou no local e pegou duas pedras.

DC – Pedras grandes?

Torcedor – Era metade de lajota, incrível.

DC – Você acredita que foi ataque de torcida?

Torecedor – Foi, cara. Pra mim é 99% de certeza que foi. Está nítido na imagem, não iam em 10, 15 pessoas fazer um assalto num ônibus, eles estavam esperando. Daí outro menino passou mal no ônibus, foi bem complicada a situação. Eu estou num estado de pânico, muita loucura.

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