Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado nesta quinta-feira mostra que Florianópolis é tem a segunda cesta básica mais cara do país entre as capitais. De acordo com a publicação, para consumir os 13 itens de maior necessidade era necessário gastar R$ 441,62, em maio. O valor é 3,49% superior na comparação com o mês anterior e a Capital perde apenas para o Rio de Janeiro, que registrou a cesta básica mais cara do país com R$ 446,03.
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A pesquisa mostra que houve alta no valor médio de dez produtos: batata (20,49%), tomate (10,08%), banana (5,83%), leite integral (5,37%), açúcar (3,38%), manteiga (2,82%), pão francês (2,48%), óleo de soja (1,48%) e carne de primeira (1,33%). Por outro lado, os custos do arroz (-0,65%), no café em pó (-1,47%) e no feijão (-2,31%) apresentaram queda no período.
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2018 a variação no preço da cesta foi de 5,50%. O tomate, com mais de 17,42% de alta, foi o maior vilão entre janeiro e maio, segundo a pesquisa.
José Álvaro Cardoso, supervisor técnico do Dieese de Florianópolis, explica que a paralisação dos caminhoneiros que ocorreu no fim do mês passado pode ter influenciado, de certa maneira, no valor da cesta básica de Florianópolis. No auge da crise, houve desabastecimento de diversos itens, principalmente, frutas, legumes e verduras que compõe os itens pesquisados pelo Dieese.
– A formação dos valores leva em consideração outros fatores como o preço do combustível, por exemplo. Com o preço do diesel mais alto, no caso do mês passado, aumenta o valor dos produtos disponíveis por conta do frete. No período do protesto de caminhoneiros também houve falta de produtos nas prateleiras. Certo que não houve nada muito grave, mas isso pode ajudar a explicar a disparada de preços na cesta básica entre abril e maio – explica o pesquisador.
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De acordo com ele, há a possibilidade de a manifestação que parou a entrega de produtos durante dez dias, entre 21 e 31 de maio, em diversas regiões do país apresentar reflexos nas próximas pesquisas também. Ele, no entanto, não arrisca um palpite, pois o comportamento do preço das cesta básica é muito sensível e pode receber influências diversas.
Quem sentiu no bolso a alta no preço dos alimentos durante a manifestação dos motoristas foi Cristiane Hein. A manicure de 40 anos disse que viu os preços dispararem nos supermercados:
– Aumentou bastante (após a greve dos caminhoneiros). Cheguei a pagar R$ 8 em um pé de alface, porque só vi que estava esse preço depois que já tinha pagado. A batata também aumentou bastante. Antes, o quilo era menos de R$ 2, hoje está em R$ 3,29. Só comprei essas batatas porque combinei de levar um caldo verde em uma festa – disse.
Ela também disse que evitou comprar algumas coisas durante o período de desabastecimento:
– Principalmente ovo. Cheguei a ver por R$ 18 a bandeja de 30. É um absurdo, todo mundo está reclamando dos preços.
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OUTRAS REGIÕES DE SC
Jairo Romeu Ferracioli, economista responsável pela pesquisa de preços da Univali, também entende que a paralisação dos caminhoneiros influenciou na alta dos preços. Ele coordenou a pesquisa que verificou os itens básicos em seis supermercados de Itajaí e constatou um aumento de 10% da cesta.
Por lá, o preço da batata disparou (114%) e mais que dobrou no período. O tomate e a banana também impactaram positivamente o indicador. Para os próximos meses, o economista prevê:
– A redução do custo do combustível (diesel) e o clima mais ameno devem contribuir para a baixa nos preços.
Em Blumenau, o preço da cesta básica é verificada pela Universidade Regional de Blumenau (Furb). A pesquisa é coordenada pelo economista Jamis Antonio Piazza e deve ser divulgada na semana que vem.
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A coleta de preços foi feita nesta semana e o pesquisador constatou que ainda há produtos em falta nas prateleiras dos supermercados das cidades da região, reflexo do protesto dos motoristas:
– Estive em Pomerode ontem (quarta-feira) e por lá verifiquei que falta oferta de alguns produtos como arroz, feijão, farinha de trigo e óleo de soja. Não que faltem os produtos em si, mas não há diversidade de marcas disponíveis. Isso deve influenciar no preço da cesta básica também na região – afirmou.
Ele, por outro lado, entende que a manifestação dos caminhoneiros deve impactar de maneira mais ampla na cesta verificada em junho, já que alguns estabelecimentos da região conseguiram contornar a crise com os produtos armazenados nos estoques.