Florianópolis recebeu nesta sexta-feira, 11, a audiência pública da região Sul sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento que define os direitos e objetivos de aprendizagem da educação básica no Brasil. O evento, organizado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), contou com cerca de 350 pessoas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

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A audiência, que foi a terceira realizada no país, não tem caráter deliberativo, mas serve para que os membros do CNE possam elaborar um documento normativo a partir da terceira versão da BNCC, entregue pelo Ministério da Educação (MEC) em abril deste ano.

Participaram do evento entidades convidadas pelo conselho, como universidades, instituições de pesquisa, sindicatos, associações profissionais e organizações estudantis, além de indivíduos interessados no tema, como mães, pais e professores. Cada pessoa teve direito a três minutos de fala, mas o CNE também recebeu documentos, com contribuições mais fundamentadas.

Cada um dos 350 inscritos teve direito a três minutos de fala
Cada um dos 350 inscritos teve direito a três minutos de fala (Foto: Marco Favero / Agencia RBS)

Ivan Cláudio Pereira Siqueira, membro da comissão do CNE encarregada de elaborar a versão final da BNCC, explica que a principal diferença com relação as duas outras audiências, realizadas em Manaus, no Norte, e em Recife, Nordeste, é que as falas estão mais elaboradas:

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— É possível perceber que as pessoas estão mais preparadas, que elas já estudaram o que foi dito nas audiências anteriores. Está acontecendo um aprofundamento nas inserções e isso é muito bom. Também temos observado a recepção de pospostas mais específicas e concretas. Era normal que nas primeiras audiências as pessoas não tivessem proposições claras sobre os assuntos, agora elas estão mais adensadas.

Além dos cinco pontos polêmicos, que já eram esperados com base nas audiências anteriores, como a questão da identidade de gênero – que foi assunto de diversas falas, tanto a favor quanto contra – e os componentes curriculares específicos de cada área de conhecimento, Siqueira destaca uma discussão que apareceu de maneira mais consistente durante a audiência da Região Sul:

— Houve um adensamento da questão computacional. As entidades da área destacaram que a Base não contempla a computação na educação básica, havendo apenas uma menção sobre a questão tecnológica, mas não há uma concepção que esclareça o que os alunos devem aprender com relação ao pensamento computacional, resolução de problemas, linguagens digitais, prototipagem. Na visão deles, isso não impacta somente nas ciências exatas, mas também nas outras áreas de conhecimento.

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Após a realização das últimas duas audiências, realizadas em São Paulo dia 25 de agosto e em Brasília, dia 11 de setembro, os conselheiros devem discutir e ponderar sobre todas as sugestões recebidas nos eventos. A expectativa é que até o fim deste ano o documento final elaborado pelo CNE siga para a homologação do MEC.

Ensino superior também será afetado

A reitora do Instituto Federal Catarinense, Sônia Regina de Souza, relembra que além de definir as diretrizes do ensino básico, a nova Base também vai influenciar os cursos de licenciatura voltados para a formação de professores.

— Da maneira como está colocado na base, vamos sofrer impactos e prejuízos. Isso é um retrocesso, no sentido em que temos uma base que tem diretrizes que orientam as avaliações e a produção do material didático, por exemplo. Na medida em que isso volta para a sala de aula, os professores vão ter que seguir essas normas, então o conceito de autonomia fica questionado.

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Saiba Mais

A Base Nacional Comum Curricular é um documento que determina os conhecimentos essenciais que todos os alunos da Educação Básica devem aprender, ano a ano, independentemente do lugar onde moram ou estudam. Todos os currículos de todas as redes públicas e particulares do país deverão conter esses conteúdos. A associação sem fins lucrativos Nova Escola elaborou um guia online que esclarece as principais dúvidas sobre a Base Nacional Comum Curricular.

Acompanhe

O canal Futura firmou uma parceria com o MEC para transmissão das audiências públicas sobre a Base Nacional Comum Curricular. É possível acompanhar as próximas audiências, que serão realizadas em São Paulo e Brasília, e assistir os eventos já realizados.

Clique para acessar o site e assistir as audiências que já ocorreram:

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