Após se envolver em um acidente que causou a morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, no sábado, o filho mais velho do empresário Eike Batista, Thor, de 20 anos, foi às redes sociais para se manifestar. Ele criou o perfil @Thor631 no Twitter e pediu a ajuda do pai para garantir a veracidade da conta.

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Em uma sequência de 45 posts, Thor apresenta sua versão sobre o atropelamento na Rodovia Washington Luís, na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro. O jovem começou dizendo: “Boa noite twitteiros, acabo de criar este perfil pois a família da vítima merece esclarecimentos autênticos e votos de apoio”. Em seguida, confira o relato completo:

“Descia a BR-040 após um almoço com amigos, coisa que faço uma vez por mês. No restaurante Clube do Filet, em Itaipava. Durante todo o trajeto, a velocidade do veículo SLR McLaren permaneceu dentro dos limites da lei, realizei ultrapassagens. A estrada, perto do local do acidente, não tem iluminação, por isso utilizava o farol alto, farol de milha e farol de neblina.

Trafeguei por ali cerca de seis vezes dentro de um ano, estava consciente que frequentemente ciclistas atravessam a faixa dupla da autoestrada. Vinha na faixa esquerda com muito cuidado, sem ao menos dialogar com o meu carona. Repentinamente um ciclista atravessou do acostamento do lado direito até o meio da faixa da esquerda, onde trafegam veículos.

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Minha imediata reação foi aplicar força total nos freios do carro, segurando o volante reto, mas infelizmente foi impossível evitar a colisão. Me recordo que Wanderson empurrava a bicicleta com o pé esquerdo no chão. Sentado, porém, no banco da bicicleta. A frenagem trouxe o carro de 100 km/h até 90 km/h até o momento da colisão apenas, infelizmente.

Após a colisão, a pressão no pedal do freio continuava, trazendo o veículo até 20 km/h. Meu dever era levar o veículo até o acostamento. O forte impacto quebrou o para-brisa, provocando cortes no meu corpo e impossibilitando a minha visão. Abri, então, a porta do motorista, botei a cabeça para fora do carro e conduzi o veículo até um local seguro, evitando outra colisão.

Estacionei o carro longe da colisão, diria que 200 metros de distância. Liguei o pisca-alertas e com o auxílio de outros consegui sair. Estava com dores no corpo, com muito sangue no corpo, tremendo de nervosismo, traumatizado. Nunca tinha sofrido um acidente. Por estes motivos, eu estava fisicamente, psicologicamente e emocionalmente incapacitado de prestar socorro ao Wanderson.

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Outros motoristas vieram me auxiliar. Pedi para que os mesmos chamassem ambulância urgentemente e prestassem socorros, já que eu tive que ser levado urgentemente ao posto médico do pedágio, a três quilômetros de distância da colisão, pois sangrava muito e estava atordoado. Ainda no carro a caminho do posto médico, liguei para uma das pessoas que se responsabilizou por prestar socorros a Wanderson.

Pois queria muito saber o estado da vítima. Fui informado que a ambulância já estava no local da colisão. Infelizmente, fui informado que Wanderson Pereira dos Santos havia falecido. Fiquei sem reação no momento. Chegando no posto médico da Concer, ao lado do pedágio, os enfermeiros me levaram para dentro de uma ambulância. Cuidaram primeiro do carona, que suspeitava ter fraturado a mão.

Na minha vez, ele constatou que eu precisava ir até um hospital urgentemente. Pedi ao menos para que o enfermeiro jogasse soro no meu braço direito, todo cortado, antes de partir. No meu caminho para o hospital, liguei antes para meu médico, Dr. Fábio de Oliveira Jucá. Ele recomendou que eu fosse atendido em minha casa, e que iria ao meu encontro. Fui levado então para minha casa, como o médico sugeriu.

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Chegando em casa, contra a ordem do médico, cheio de sangue, cortado e traumatizado, resolvi voltar ao local da colisão para apoiar a família e amigos de Wanderson. No caminho de volta, fui informado que houve muito dilaceramento no corpo. Chegando no mesmo pedágio de antes, notei uma movimentação no posto da Polícia Rodoviária Federal. Pedi para ser deixado ali.

Ao sair do carro, conversei com alguns agentes da PRF. Um deles me recordo o nome, Agente Penin, sangue O positivo. Perguntei se a vítima tinha recebido assistência médica. Os agentes me informaram que ele estava sendo retirado naquele momento. Pedi, imediatamente para que eu fizesse o teste do bafômetro. O resultado foi 0,0.

Perguntei então quais seriam os procedimentos que eu deveria tomar, se eu devia voltar ao local da colisão ou se devia prestar depoimento à PRF. Fui levado para dentro da cabine da PRF, onde descrevi todo o ocorrido, num formulário da PRF e assinei, com meus dados pessoais.

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Um agente da PRF sugeriu que eu fosse numa outra delegacia, mas o meu advogado que estava presente sugeriu que fosse melhor deixar para um outro dia, pois poderia haver muita imprensa na outra delegacia e ia ser ainda pior pra mim. Mais uma vez a imprensa ia querer fazer injustiça comigo.

Fui autorizado pela PRF a voltar para casa, para que dessem auxílio médico de emergência, pois eu ainda estava sangrando, com pedaços de vidro da cabeça aos pés. Me ocorreu na hora que eu faria questão de dar todo o apoio à família de Wanderson. Ordenei que meu advogado entrasse em contato com a família da vítima, garantindo que eu ia prestar auxílio, assim como pagar o enterro.

No dia seguinte, meu advogado me informou que havia sido feita a perícia do carro no local do acidente, e que o carro teria sido liberado pela PRF para que pudéssemos trazê-lo para casa, garantindo deixá-lo intacto. Havia duas faixas na autoestrada, de mão única. Ele cruzou do acostamento do lado direito, passando pela faixa da direita, chegando até o meio da faixa esquerda, onde eu estava trafegando.

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As marcas de freio comprovam que eu estava na faixa esquerda. Não deixarei a família desamparada sob hipótese alguma. O veículo é feito de fibra de carbono, material muito resistente. A 80 km/h ele seria dilacerado da mesma maneira. O ângulo prejudicou. Os airbags não abriram, como provado nas fotos, isso prova que o carro não estava acima de 100 km/h ou mais, onde o acionamento ocorreria.”