Após sete horas de viagem, cerca de 120 passageiros que haviam saído do Rio Grande do Sul passaram por momentos de tensão após terem o ônibus em que viajavam interceptado por criminosos em Santa Catarina.

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Um lojista de Cruz Alta, de 44 anos, que viajava acompanhado da mulher, de 36 anos, e que pediu para ter a identidade preservada, conta que estava no último coletivo do comboio. Ele notou que havia algo estranho quando o ônibus parou no meio da estrada. Eles calculam que tenham ficado pelo menos uma hora no poder dos assaltantes, entre a revista que foi feita pelo ladrões, recolhendo dinheiro, até serem liberados do bagageiro.

Esta era uma viagem tradicional realizada por comerciantes gaúchos que vão a São Paulo em busca de mercadorias. Por isso, havia pessoas de diversos municípios gaúchos, e os pontos de partidas do comboio também ocorriam em locais diversos. O comerciante de Cruz Alta e a mulher pegaram o coletivo no município de Santo Augusto, no Norte, às 9h. O assalto foi às 16h.

Segundo o lojista, um dos assaltantes bateu no vidro do primeiro ônibus, alegando que precisavam entrar porque havia uma denúncia de que eles estavam transportando armas. Dentro dos veículos, eles usavam rádios para se comunicar com os comparsas.

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O grupo estava no início da viagem de compras a São Paulo. Retornaria na quarta-feira. O caso foi registrado na Delegacia da Polícia Civil de Curitibanos, em Santa Catarina.

Confira trechos da entrevista com o comerciante, enquanto aguardava o registro da ocorrência em frente à delegacia:

Zero Hora – Como foi o assalto?

Lojista – Os assaltantes, fortemente armados, vestidos com coletes da Polícia Civil pararam os três ônibus em um trevo. Eles obrigaram os motoristas a entrarem em uma estrada de chão e fizeram uma limpa. Depois pediram para que todos tirassem as roupas e colocaram todo mundo no bagageiro.

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ZH – Eles forjaram uma barreira policial?

Lojista – Diz o motorista que o primeiro que chegou mandou que ele abrisse a porta, pois havia uma denúncia de que estavam transportando armas. Mas quando entraram já gritaram para todo mundo colocar a mão na cabeça e abaixar. Enquanto estávamos indo para esta estrada de chão eles já recolhiam o nosso dinheiro. No percurso, deram três tiros.

ZH – E ninguém se machucou?

Lojista – Atiraram para cima, para intimidar, eu acho. Ninguém se feriu. Só uma senhora, de outro ônibus, levou uma coronhada no rosto.

ZH – Eles levaram o quê?

Lojista – No nosso, que era o último, pediram apenas dinheiro e talões de cheque. Em outro ônibus levaram joias dos passageiros também. Só deixaram os documentos. Foi um terror. Quem tinha pouco dinheiro, eles ameaçavam dizendo que iam dar um tiro na cabeça.

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ZH – Quanto tempo durou toda a ação?

Lojista – Eles ficaram mais de meia hora com a gente depois que saímos da BR. Recolheram o dinheiro e mandaram que tirássemos as roupas. Lá, quando pararam, mandaram a gente descer para os bagageiros. Pegaram as malas que estavam lá dentro, abriam e atiravam tudo no chão. Ao todo, deve ter dado uma hora, pois ficamos mais meia hora trancados no bagageiro, seminus.

ZH – E como conseguiram se libertar?

Lojistas – Enquanto estávamos trancados no bagageiro, escutávamos os passos dos bandidos. Ficamos quietos, com pânico de abrir e ter alguém nos cuidando lá fora. Quando notamos que não havia mais movimentação, e tinha muita gente sufocando, passando mal, um cara conseguiu saiu por uma abertura que dá acesso à cabine do motorista.

ZH – Não passava ninguém no momento da interceptação?

Lojista – Essa é a nossa indignação. Como ninguém vê nada? Uma BR movimentada, três ônibus saindo de uma rodovia, com chuva, para uma estrada de terra. São ônibus grandes, bonitos, novos. Como não chama a atenção?

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ZH – E vocês estão vestindo o quê?

Lojistas – Eles não levaram as roupas. Mas atiraram tudo no chão. Como estava chovendo, estamos com as roupas molhadas, embarradas porque até o que estava nas malas foi jogado no chão. Aí, cada um que achava um objeto levantava e perguntava de quem era. Aos poucos fomos nos recompondo.