Após a divulgação da baixa nota do curso de Jornalismo da UFSC no Enade, o professor Aureo Moraes, que representa o curso da UFSC, publicou no site do departamento a pontuação e frisou que se tratava da pior nota de toda a história do curso, divulgando também o nome dos 58 estudantes que deveriam ter feito a prova.

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Diário Catarinense – Qual é a posição do Departamento de Jornalismo sobre o boicote dos estudantes ao Enade?

Aureo Moraes – A decisão de boicotar a prova foi dos alunos, que seguiram uma sugestão do Centro Acadêmico. Nós sabíamos, eu participei de duas reuniões, mas não concordamos. Eu avisei que não enxergava nessa atitude o resultado que eles buscavam. Nós temos a consciência de que é preciso fazer um curso melhor qualificado, mas nós temos um curso muito bom. Temos uma situação que não vai mudar com a visita do MEC, portanto trazer os avaliadores não faz muito sentido.

DC – Por que o senhor optou por divulgar o nome dos alunos inscritos na prova?

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Moraes – Entendo que eles tomaram uma atitude que, de alguma forma, como futuros profissionais os torna vulneráveis no mercado de trabalho. Se eu sou uma empresa, eu não quero saber se eles boicotaram ou não, eu quero contratar os melhores profissionais. Então, da mesma maneira como nós expusemos aqui placas com os melhores alunos que esse curso formou eu não vi problema nenhum em dizer quem foram os alunos que infelizmente tiraram a pior nota do Enade dos últimos anos. A lógica é a mesma.

DC – A nota arranha a imagem do curso?

Moraes – Fica muito ruim para o aluno. Temos fixado no mural do curso um selo cinco estrelas do Guia do Estudante da editora Abril e o resultado do último ranking da Folha de São Paulo, que nos coloca como o melhor curso de Jornalismo do país. É claro que entre os critérios destes dois rankings estava a última nota do Enade. É provável que nos próximos nós não sejamos mais considerados os melhores porque será levado em conta a nota 1. Para mudar esta situação, só daqui a três anos, em 2015, quando haverá uma nova prova.

O Boicote

Universitários convocados para o Enade são obrigados a se apresentar no dia da prova sob pena de perder o direito de colar grau. Porém, não há nada que faça referência à pontuação individual do estudante, tanto que é divulgada apenas a nota geral do curso. O chamado boicote ocorre quando o universitário se apresenta no local do exame, mas somente assina a prova sem preencher nenhuma das questões.

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Influência na nota

A nota divulgada pelo Ministério da Educação parte de uma contagem de pontuação ampla, sem diferenciar as questões que foram deixadas em branco das que não estavam corretas. Ou seja, se somente assinar a prova, o resultado será zero – o mesmo daqueles que responderam todas as questões de forma errada. Por isso há influência direta do boicote à nota do curso.

Mudança das regras

Para combater o boicote dos estudantes, a partir do próximo exame do Enade o MEC vai exigir mais do que somente a assinatura na prova. Os estudantes terão que permanecer por pelo menos uma hora no local após o início da prova. Desta maneira, quem entrar na sala e apenas marcar a presença não estará apto a receber o diploma no fim do curso – tanto quanto aqueles que forem convocados e não se apresentarem no dia do exame.