Há 12 meses, o músico Fábio Saggin, 23 anos, se preparava para uma audição com a ajuda dos violistas premiados internacionalmente Emerson di Biaggi e Jairo Chaves. Para isso, tudo o que precisava fazer era percorrer os 60 quilômetros entre sua casa, em Blumenau, e a Scar, em Jaraguá. Fábio não era aluno inscrito no Femusc, que começa neste domingo em Jaraguá do Sul. Como havia retornado recentemente de um intercâmbio nos Estados Unidos, não participou da seleção anual e perdeu a matrícula. Mas como participara do festival nos três anos anteriores, no programa avançado de viola, o blumenause já havia conquistado proximidade suficiente com os professores para que estes, solícitos, o ouvissem tocar durante os intervalos das aulas do Femusc.

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Neste domingo, Fábio volta a caminhar pelos corredores da Scar carregando o crachá de aluno. Agora, ele também carrega outro título: o de músico contratado pela Orquestra Filarmônica de Goiás, vaga para a qual se preparava quando pediu aos professores do Femusc que o ajudassem a estudar.

Fábio é o exemplo mais puro de dois dos aspectos mais importantes do festival: seu caráter de intercâmbio, que possibilita o encontro entre jovens talentos e alguns dos profissionais mais gabaritados da música; e sua tentativa de garantir a formação continuada. O festival oferece aulas para crianças de seis anos que nunca tocaram um instrumento e cursos para músicos contratados por orquestras que pretendem melhorar seu desempenho.

– O Femusc preenche uma lacuna muito grande no nosso Estado, que não tem formação continuada, nem orquestras pagas pelo Estado. Além disso, o festival acaba saindo mais barato do que pagar os cursos privados, já que o único curso gratuito na região é no IFSC, em Florianópolis. O que, aliás, acaba elitizando demais esta área – avalia Fábio.

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