Para quem mora em Jaraguá do Sul, difícil será não se render ao som da música nos próximos 14 dias. Ele estará nas ruas, no shopping, no posto de gasolina, nas igrejas e nas escolas – e não apenas de forma organizada, como as apresentações previstas pelo 9º Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) para as salas de teatro da Sociedade Cultura Artística (Scar). Desde ontem, a cidade no Norte do Estado começou a receber quase 900 novos habitantes, ainda que temporários.

Continua depois da publicidade

São os músicos que chegam para uma maratona de aulas, ensaios e concertos com 50 professores vindos do Brasil e do exterior. E, como já é tradição na cidade, por treino e por brincadeira, os instrumentos musicais não descansarão nem nos momentos de folga, sendo tocados em todos os cantos da cidade.

Idealizado pelo maestro e oboísta Alex Klein, o Femusc existe desde 2006, tornando-se muito rápido um dos maiores festivais de música do Brasil e dos mais famosos do mundo: músicos de todos os continentes se organizam para passar estas duas semanas de janeiro envolvidos nos programas oferecidos pelo festival, trazendo estudantes em nível intermediário até profissionais formados, além de seminários de regência e projetos para crianças e adolescentes.

Mais da metade do participantes são estrangeiros: dos 900 selecionados (entre 1.261 inscritos nas audições) que passarão pelo festival-escola, 400 são brasileiros, com apenas 47 de Santa Catarina. Este ano, por exemplo, será a primeira vez com a presença de alunos da África do Sul, Austrália, Malásia, Polônia, Israel, Nova Zelândia e Bahamas.

Continua depois da publicidade

Se, por um lado, estes números demonstram a fragilidade dos projetos de ensino da música na região, por outro o Femusc tem, em nove anos de existência, oferecidos bons frutos. Quando o festival termina, a “capital da música” na qual Jaraguá se transforma não perde totalmente seu status: o programa de educação infantil, Femusckinho, uma espécie de colônia de férias musical, possibilitou a criação da Orquestra Pequenos Vencedores, que já se apresenta regularmente em Jaraguá. Além dele, outro legado é o Citharis, uma pequena orquestra de harpas baseada na Scar.

– E, é claro, o investimento em pianos, incluindo o grande Steinway de Hamburgo, que agora permitem a apresentação de grandes nomes do piano em Jaraguá do Sul, e permanecem durante o ano como incentivo para o desenvolvimento de talentos locais – salienta o diretor artístico e idealizador do Femusc, o maestro Alex Klein.

A aquisição de novos instrumentos é, também, uma das maiores heranças dadas do Femusc à região. Só neste último ano, foram doados 20 pianos, 20 contrabaixos, dez violoncelos e equipamentos de percussão, entre outros materiais, que beneficiarão as aulas e apresentações durante o Femusc, mas permanecem na Scar depois que ele acaba.

Continua depois da publicidade

Alguns deles são, também, oferecidos para que outras cidades do País possam usá-los no resto do ano, como as harpas: até a criação do Femusc, não havia nenhuma em Jaraguá. Hoje, estima-se que há 40 harpas no Brasil, sendo que 17 delas estão na cidade, depois de doações conquistadas por Alex Klein e a harpista norte-americana Rita Costanzi, professora convidada desde a primeira edição do festival. Quando o Femusc termina, elas são dividas entre Jaraguá e os alunos de harpa do resto do Brasil.

Confira a programação completa do 9º Festival de Música de Santa Catarina.