A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vive nesta terça-feira o segundo dia do 13º Congresso Mundos de Mulheres, encontro internacional e interdisciplinar de e sobre mulheres que ocorre conjuntamente ao Seminário Internacional Fazendo Gênero. O encontro tem como tema Transformações, Conexões, Deslocamentos. Nesta terça-feira, 1º de agosto, o dia começa com a discussão O desafio de construir o feminismo camponês e popular, na Tenda de Mulheres.

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A roda terá representantes de movimentos como: Mulheres Camponesas, Sem Terra, dos Atingidos por Barragem, Via Campesina, Federação Nacional dos Trabalhadores, Trabalhadores da Agricultura Familiar e Marcha das Margaridas. Entre 13h e 15h, uma roda sobre a A luta das Mulheres Quilombolas dá prosseguimento ao congresso que se encerra dia 4.

A abertura oficial ocorreu na noite de segunda-feira com a conferência de Maria Odete Semedo, escritora de Guiné-Bissau, que lotou o auditório da UFSC. Ela destacou ¿nós mulheres não precisamos ser todas iguais, mas termos um ponto de encontro para se juntar às vozes e ter uma luta conjunta¿. Entre os assuntos trazidos de Guiné-Bissau, a escritora abordou a luta pelas cotas para mulheres na representação política, luta das mulheres do país por direito a herança após a morte dos maridos e aplicação da lei aprovada em 2011, que condena a mutilação genital feminina nas meninas.

À noite, um nome conhecido das gerações mais antigas, especialmente do Sul do Brasil, irá palestrar. É Lilian Celiberti, feminista uruguaia que trabalha na Articulação de Organizações Feministas do Mercosul. Militante dos direitos humanos, ela é apontada como uma das únicas provas vivas da existência da Operação Condor, manobra clandestina planejada pelas ditaduras sul-americanas para capturar aqueles que resistiam aos regimes.

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A operação foi batizada de condor em referência a ave típica dos Andes e símbolo do Chile, país que sob a liderança do ditador Augusto Pinochet liderou a aliança com países como Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil. Lilian é autora de diversos artigos e capítulos sobre a luta pelos direitos das mulheres latino-americanas.

Primeiro dia teve saúde indígena

A programação do Congresso Mundos de Mulheres se iniciou na segunda-feira. Pelos cálculos da organização 8 mil mulheres participam. Pela manhã, na Tenda das Mulheres, uma roda de conversa discutiu a questão da saúde indígena. Mulheres representantes de povos de diferentes regiões do país discutiram as ameaças a que estão expostas. Uma das conclusões foi de que, diferente do passado, os índios não morrem mais de morte natural. Isso incide na perda da cultura, pois sem ancestralidade não há memória. Os índios adoecem como os não índios: câncer, diabetes, hipertensão. Decorrência, denunciam as índias, do consumo de alimentos com agrotóxicos, da escassez das águas em função de grandes obras e desmatamentos.

A violência contra mulheres é um tema presente também nas manifestações artísticas. O grupo de teatro Madalena na Luta, centro do teatro oprimido, fez uma performance citando nomes de mulheres vítimas de feminicídio, citando de Ângela Diniz, morta em 1976 pelo amante Doca Street, à Eliza Samudio, assassinada pelo ex-goleiro Bruno, pai de seu filho, em 2010.

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SERVIÇO

O quê: 13º Congresso Mundos de Mulheres (Women’s Worlds Congress)/Seminário Internacional Fazendo Gênero 11

Como participar: É possível inscrever-se na hora e as taxas variam de R$ 30 a R$ 810 para todos os dias de congresso.

Quando: até 4 de agosto de 2017

Onde: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis

Conferência Cartografias de la ireverencia: los feminismos latinoamericanos contemporaneos

Quando: das 20h30min às 22h

Onde: Auditório Garapuvu – Centro de Cultura e Eventos da UFSC – 1º andar

Confira a programação completa neste link.

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