Aos 35 anos, a moradora de São José e costureira Andréia Helena Amorim, agora com 41, passou pela maior prova que a vida lhe deu: mesmo nova e sem precedentes, teve um infarto. Seu coração chegou a ter apenas 25% de funcionalidade. A causa, acreditavam os médicos na época, era o estresse. Mesmo no hospital, passando por reabilitação e sendo medicada, seu estado de saúde não melhorava e até cogitou-se um transplante de coração.
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— Os médicos e os enfermeiros diziam que eu tinha que reagir, porque fiquei muito depressiva. Como sou costureira, eles começaram a pedir coisas para mim, para manter minha mente ocupada, como costurar uma roupinha para os cachorrinhos deles. E fui fazendo. Até que eles mesmos insistiram: vai apresentar este teu trabalho na Feira da Freguesia — contou Andréia.
Mesmo sem experiência com feira ou vendas, ela tomou coragem e se inscreveu para montar uma barraca. Há um ano e meio, descobriu ali uma nova pessoa: uma Andréia que tem aptidão para conquistar clientes e que, agora, costura apenas por amor.
— Estou feliz. Conheço pessoas novas, converso com os demais artesãos, pessoas me procuram pelo meu trabalho, faço encomendas. Meu coração voltou a ter funcionamento de 40%, e hoje pago todas as minhas contas com o meu trabalho, que ganhou vitrine na Freguesia. Tudo isso graças à minha equipe médica e à feira — revelou a costureira.
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A Feira da Freguesia completa neste fim de semana três anos e se firma como uma das principais feiras de artesanato, gastronomia e cultura da Grande Florianópolis. Ela ocorre todo segundo domingo do mês na Praça Hercílio Luz, no Centro Histórico.
O evento não só mudou a vida de Andréia, mas de todos que ali trabalham. Não só isso: voltou a dar vida ao esquecido Centro Histórico.
— Estávamos uma noite eu, o Caê (Martins, ex-superintendente da Fundação de Cultura e Turismo de São José), e um funcionário do Sebrae, conversando sobre como poderíamos fortalecer o Centro Histórico, que estava morto. E então começamos a pensar num espaço para o artesanato, manifestações artísticas, com food truck. Era meia-noite, e estávamos desenhando o primeiro esboço da feira — relembra a atual superintendente da Fundação da Cultura, Joice Porto.
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Na primeira edição, foram 50 expositores. Agora, a média é de 90 por edição, sendo que 222 estão cadastrados. E há uma fila de espera de pelo menos outros 130 interessados em participar da feira, de todas as cidades da Grande Florianópolis, revelou Joice.
— Destes três anos para cá, estamos vendo a praça mais limpa, mais movimentada, sem contar os restaurantes e comércios que se instalaram nesse período aqui na frente e na região — lembrou a artesã Rita de Cássia Stotz, de 60 anos, que também expõe seus produtos na Freguesia.
Com as mãos no barro

Há cerca de cinco anos, a ex-servidora pública Rita de Cássia Stotz se aposentou e queria fazer algo diferente. A dona de casa Rosilene Guedes Secco, 54, viu os filhos crescerem e surgir mais tempo para ela mesma. As duas procuraram o curso de oleiros de São José para iniciar uma vida artística e uma espécie de terapia. Ali conheceram Marizete Zonta, e juntas, notaram que tinham qualidades distintas, que se complementavam: Rita é a caprichosa, Cássia a talentosa e Mari a organizada.
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Quando o curso acabou e as mãos já sabiam moldar o barro com profissionalismo, viram que oportunidade não poderia ser perdida.
— A Rosilene nos convidou um dia para tomar café na casa dela. De café em café, começou a surgir uma bolinha ou outra de barro. E aí nasceu a Meninas da Terra, nome da nossa barraca de olaria — contou Rita.
No início, o trio fabricava as lindezas apenas para elas mesmas, para passar o tempo.
— Como eu moro perto do Centro Histórico, passei um domingo aqui e tinha começado a Feira da Freguesia. Era a primeira edição. Achei bonito e fomos atrás. Procuramos a Fundação e na segunda edição da feira começamos a expor e vender — complementou Rosilene.
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Depois de três anos, as Meninas da Terra continuam na Feira da Freguesia, complementando sua renda com as vendas dos produtos de olaria — que é a cara de São José.
— Temos outras funções, não só o artesanato. Mas nossa vida mudou. É uma alegria estar aqui e ver a cidade em movimento — destacou Rita.
Despertar para um novo estilo de vida

Edmauro Andretti Santos, 36, e a mulher, Carla Amorim de Azevedo, 41, estavam esperando a segunda filha quando sentaram e decidiram que era o momento para levar a vida de uma maneira mais leve, com dedicação total à criança que estava por vir. Deixar para trás o cotidiano estressante e corrido. Tiveram uma primeira ideia, abriram uma loja de roupas infantis, mas que não deu tão certo quanto gostariam.
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Tanto Ed como Carla, inspiraram-se em suas famílias para transformar a vida. Com familiares na costura, na olaria, na marcenaria, eles decidiram que também iam garantir seu sustento com as próprias mãos — literalmente.
— Meu avô é o conhecido João do Balaio, que até ganhou a honraria de cidadão manezinho de Florianópolis. Todos conheciam o trabalho dele. Como já tínhamos alguma experiência com produtos infantis, e com vinda de nossa filha, decidimos focar no universo infantil e no cultural, e começamos a fazer peças de tecido como boi de mamão, bernunça, a Maricota — contou Edmauro.
Beatriz Amorim Andretti, agora com três anos — mesma idade da Freguesia — veio ao mundo e com apenas seis meses de idade, já estava participando da feira. Assim como as Meninas da Terra, a Beart´s Studio, de Ed e Carla, também iniciou na Freguesia na segunda edição, depois que a primeira rapidamente virou assunto de conversa dos moradores.
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— Mudamos todo o nosso estilo de vida. Com os cursos oferecidos pela organização da feira, como economia solidária e outros, aprendemos que podemos reaproveitar tudo. Hoje, todos os nossos produtos tem 100% de reaproveitamento, não criamos lixo. Estamos pensando no futuro da Beatriz, num mundo melhor — contou Ed.
O casal ampliou o negócio e partiu também para a gastronomia. Além das bonecas e bois de pano, hoje vendem o pastel de camarão mais famoso da Freguesia josefense. E quando dá, até pastel de berbigão tem, além do de siri. Então. Vem para a feira?
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11h às 19h: Exposição do artista Miguel Lucio Clemente
Local: Casa da Cultura, Centro Histórico.
11h às 19h: Exposição dos povos Indígenas do Mundo
Local: Museu Histórico de São José.
11h às 19h: 14ª Brigada de Infantaria Motorizada – “Brigada Silva Paes”, com exposição de equipamentos e uniformes, mini acampamento, estúdio fotográfico e carros militares
Local: Bica da Carioca, no Centro Histórico.
11h às 18h: Brinquedoteca USJ, espaço com brinquedos educativos para as crianças
Local: Museu.
11h: Apresentação da Banda União Josefense
Local: Coreto.
12h: Apresentação de dança da Casa Z
Local: Palco da praça Hercílio Luz, do Centro Histórico.
13h: Dança Tendência
Local: Palco.
13h às 16h: Apresentação de humor com Zefa e Tanhota
Local: Praça.
13h às 17h: Oficina de caricaturas com Rodrigo Tramonte
Local: Casa da Cultura.
13h às 17h: Oficina com os Oleiros de São José
Local: Praça.
13h às 18h: Doações de mudas pela Fundação do Meio Ambiente de São José
Local: Em frente à Academia de Letras
14h: Apresentação da Troupe Tartacircus
Local: Palco.
14h: Oficina de Abayomi – bonequinha de pano
Local: Biblioteca, que fica em frente à praça.
14h30min: Palestra ¿As Mandalas estão em Tudo¿ e prática com Caio Felix
Local: Academia de Letras, que fica em frente à praça Hercílio Luz.
14h às 17h: Espaço para entrega de currículos para a empresa Ideal Treinamentos e Agência
Local: Praça.
14h às 18h: Arcade Games
Local: Casa da Cultura.
15h: Boi Grupo Folclórico Mirim Boi Malhado
Local: Palco.
16h: Bate-papo com Angelo de Capua e oficina de Desenho de super herói
Local: Casa da Cultura.
16h30min: Palestra sobre a História da Moda
Local: Museu.
16h: Apresentação de Os James
Local: Coreto.
17h: The Cara
Local: Coreto.
17h: Contação de história para as crianças
Local: Biblioteca.
18h: Apresentação do Socorra meu anjo
Local: Coreto.
19h: Teatro de Sombras BRUX
Local: Museu.
19h: Missa
Local: Igreja Matriz, no Centro Histórico.