A safra artesanal histórica registrada em Santa Catarina este ano, com 3,5 mil toneladas de tainhas capturadas, trouxe aos pescadores que capturam o peixe em migração a sensação de que a tainha é abundante. Uma ilusão, de acordo com os pesquisadores.
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A explicação para capturas recordes, mesmo quando há menos peixes disponíveis no oceano, está no modelo de migração das tainhas. Quanto mais frio está, mais próximas elas viajam e mais compactos ficam os cardumes. Quando chega a rede, portanto, a captura é maior e mais fácil.
– Essa concentração é uma condição propícia a se pescar o que se consegue, além da capacidade de comercialização – diz o pesquisador Roberto Wahlich, da Univali, que participou do estudo da Oceana.
Acredita-se que essa situação tenha ocorrido em 2007, quando se registrou a supersafra, e agora em 2016, quando a tainha estava muito acessível nas praias, à pesca artesanal. Nesse cenário, a limitação para as embarcações industriais não é suficiente para proteger os cardumes.
– Precisamos que, independentemente do número de barcos autorizados, haja limite de mortalidade para a tainha – diz a pesquisadora Mônica Perez, da Oceana Brasil.
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Diferente dos pescadores que capturam os cardumes já formados, no mar, a observação de quem atua nos estuários de onde migram as tainhas é de que as populações têm de fato diminuído. Nilmar Conceição, presidente do Fórum da Lagoa dos Patos, confirma a redução.
– Tem menos tainhas na lagoa, mas acredito que isso seja em função do clima.
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