Há 22 dias a Escola Municipal Professora Rosa Maria Xavier de Araújo é o endereço de 79 famílias retiradas de uma área de invasão em Navegantes. Sem ter para onde ir, 306 pessoas se amontoam no local e vivem de maneira precária — pelo menos 80 delas são crianças, segundo os desabrigados. As aulas no local iniciam no fim de fevereiro e até agora a prefeitura não tem solução para o problema.

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Destino de famílias retiradas de invasão em Navegantes é incerto

A situação é caótica e desumana. Pouca comida, móveis e eletrodomésticos espalhados, banheiros com chuveiros improvisados e sem portas, salas de aulas divididas por lençóis, privacidade zero e um pátio que virou área de serviço. Pior que isso é não ter destino certo.

Muitos dos desabrigados estão sem emprego ou impedidos de trabalhar por não ter moradia. O secretário de articulação política de Navegantes, Arilson Luis Moraes, afirma que o município ainda aguarda uma resposta da Justiça para encaminhar as famílias.

— Fomos oito vezes à área de invasão notificar as pessoas sobre a desocupação e oferecemos passagem para os que querem retornar para suas cidades. Essa situação foi criada por eles — argumenta.

Que não é justo nem correto invadir um terreno, todos concordam. O problema é que a situação não é de hoje. Algumas famílias estavam na invasão há pelo menos quatro anos e o poder público pouco fez para retirá-los de lá ou mesmo para impedir novas invasões ao terreno – que já havia sido indenizado pela União para ampliação do aeroporto da cidade. Aliás, essa nem é a única área de invasão no município, há uma maior conhecida como Monte Sião.

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É fácil empurrar a culpa para o outro quando não se tem sequer um programa adequado de habitação na cidade. E é ainda mais fácil esperar que a Justiça venha salvar a pátria.

Já o Ministério Público só ficou sabendo do problema através da coluna. O promotor André Braga de Araújo disse que notificará o município para saber o que está sendo feito e quais as possíveis soluções.