A empatia do padre Luiz Facchini com o próximo foi relembrada diversas vezes por familiares, amigos e fiéis durante missa realizada nesta manhã em Joinville. Em quase 50 anos dedicados a ações de assistencialismo, ajudaram a transformar a realidade de milhares de pessoas, principalmente crianças e adolescentes. Este legado deixou uma marca profunda nos joinvilenses: para alguns, a presença dele simbolizava o exemplo de doação de amor; para outros a perspectiva de um futuro melhor.
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— A grande mensagem que ele deixa é a de ter um olhar pelo outro, o outro é meu irmão, alguém que me ajuda na vida porque ninguém vive sozinho — afirma o bispo da Diocese de Joinville, Dom Francisco Carlos Bach.
Na visão do bispo, enfrentar o falecimento do padre representa um misto de dois sentimentos. Primeiro a dor da perda: para os outros padres a perda de um irmão; para as crianças e adolescentes dos projetos a perda de um pai e para o Dom Francisco a perda de um filho. O segundo sentimento que permanece é a satisfação em enxergar na luta do padre um legado pela igualdade e de amor ao próximo, “sendo fiel a um dos principais ensinamentos deixados por Jesus Cristo”.
Em pouco tempo de convívio (Dom Francisco assumiu a Diocese há cerca de nove meses), o bispo enxergava em Facchini uma figura de muita resiliência. Conforme ele, mesmo enfrentando dificuldades na trajetória de luta para diminuir a fome e desigualdade social e para mudar na cidade, o padre nunca desistiu de transformar realidades.
— Tenhamos os nossos olhos voltados um pouco mais para aqueles que precisam. Essa é a grande lição que o padre Luiz deixa em cada um de nós — declara.
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Durante a missa realizada nesta manhã, na Paróquia Cristo Ressucitado, centenas de familiares, fiéis e comunidade se reuniram para prestar as últimas condolências a ele, na igreja que ele ajudou a fundar. De acordo com o sobrinho dele, o vereador Rodrigo Fachini, o padre havia passado por um procedimento cardíaco no início de janeiro e chegou a sofrer um principio de AVC, mas se recuperou bem.
Na manhã desta segunda, se reuniu para almoçar com alguns funcionários da fundação e foi descansar. O irmão dele, padre Justino Fachini, estranhou a demora, foi até o quarto verificar e encontrou o irmão já desacordado, com feição de tranquilidade. Ainda segundo o vereador, como a presença do tio representava muito para o projeto, o futuro das ações será discutido.
— Neste momento, precisamos de calma e serenidade para discutir o que será feito a partir daqui. Claro que a ausência da figura do tio Luiz também fará muita falta na ação social da fundação padre Facchini — lamenta.
Da entrada da igreja até quase o altar, onde estava o caixão com o corpo do padre, uma longa fila de fiéis se acumulava. Lágrimas dividiam espaço com expressões de amor e admiração ao legado deixado pelo padre, durante a trajetória no assistencialismo. Pelo menos 22 coroas de flores cercavam o padre, para prestar as condolências. O aposentado Antônio Weinrich estava sentado na primeira fila da igreja e depois de 40 anos de convivência com Luiz Facchimi, compareceu para pedir a missa para uma última benção.
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— Ele representava para mim a fé que eu tenho hoje, os meus pés no chão e muito do que eu sou – descreve o senhor.
Às 15 desta terça, sairá um cortejo da paróquia até a Catedral de Joinville, no Centro. Às 16 horas, ocorre uma missa de corpo presente na Catedral e, em seguida, o sepultamento na cripta da Catedral.
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