Familiares denunciam que os maridos presos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara estão em greve de fome. Alegam que o motivo são as revistas nos detentos antes e depois das visitas de parentes.
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Conforme as famílias, os presos ficam nus, de costas para o agente penitenciário e devem mostrar a sola do pé. Também são submetidos, nus, a agaichamento em cima de um espelho.
Um agente penitenciário que preferiu o anonimato falou que os presos se sentem constrangidos de ficarem nus e de costas para os agentes porque tal procedimento afeta sua masculinidade. E que a situação é ainda mais delicada por se tratar da unidade onde está a liderança e grande concentração de integrantes da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
A assessoria de comunicação do Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap) informou que houve greve de fome, mas que a situação já está normalizada. E que a revista está prevista na normativa 001/2010 do Deap, mas não acontecia antes, de forma completa, porque não havia agentes em número suficiente para realizar o procedimento.
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O Deap não divulgou o número de agentes concursados nem os admitidos em caráter temporário (ACTs) na unidade alegando que é uma questão de segurança. A assessoria informou que não é usado espelho na revista do preso e que há uma grade separando o agente do detento.
O Deap está levantando preços para a aquisição de um scanner a ser utilizado nas revistas de familiares, de acordo com a assessoria.
Revistas na Penitenciária de São Pedro, mas em familiares de presos, foram o estopim para a terceira de atentados em Santa Catarina, em maio deste ano. Os detentos alegaram que suas mães e esposas eram submetidas a “exames ginecológicos” por parte de agentes femininas.
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Para MP, revista está dentro da lei
O promotor de Execução Penal do Ministério Público, em São José, João Carlos Teixeira Joaquim, responsável pela unidade, falou que houve greve de fome na sexta e no sábado passados e que os presos se recusaram a receber visita e a tomar sol no pátio durante quatro dias: na sexta, sábado, domingo e segunda.
Joaquim afirmou que este comportamento foi adotado por parte dos detentos e não por toda a massa carcerária de São Pedro, que ontem era de 1.100 homens.
– A situação está normalizada desde terça-feira. Quanto a revista, é um procedimento padrão, previsto em normativa do Deap e não é ilegal. Antes a revista não era tão minuciosa. Os presos ficavam de cueca e tiravam apenas a camisa e a bermuda. Com o número suficiente de agentes agora é possível realizar a revista completa – observou o promotor.
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Na revista praticada antes e depois das visitas ou de idas ao consultório, às oficinas de trabalho, consultas médicas, pátio de sol, entre outros, o preso também deve dobrar a orelha, colocar o dedo na boca para mostrar que não há nada nos dentes, abrir os braços, mostrar as mãos dos dois lados.
O promotor Joaquim disse que a revista é um procedimento de segurança para os agentes e presos, pois impede que detentos mal intencionados coloquem giletes e outros objetos ilícitos na orelha, região genital, costas ou nádegas, entre outras possibilidades. Ele lembrou que a maioria das agressões entre detentos acontece no pátio de sol.