Sol alto, céu azul, mais ou menos quatro horas da tarde. Um belo cenário para um passeio ao ar livre, mas é apenas a descrição do horário em que ocorreu um assalto a uma loja no Centro de Blumenau, segunda-feira passada. Dois homens, com armas em punho e cobrindo os rostos com capacetes, estacionaram uma moto na calçada, entraram no estabelecimento, levaram o que quiseram e foram embora sem obstáculos.
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O dono, Valentin Sanchez Junior, ficou apenas com o prejuízo e a indignação pela falta de policiais que pudessem conter os bandidos na região:
– É bem difícil ver viaturas e policiais aqui pelo Centro ultimamente. Se tivesse duas viaturas, uma no começo e outra no final da rua XV já ia diminuir, porque ia ser mais difícil para o cara fugir. Eu sei que não é culpa dos policiais, mas sem dúvida se tivesse mais polícia nas ruas, afugentaria, porque se (o bandido) vê alguém fardado, com uma arma, já pensa duas, três vezes.
A reivindicação de Junior por mais polícia na rua não é solitária. Só na sessão da Câmara de Blumenau de quinta-feira houve quatro requerimentos de vereadores pedindo rondas em pontos diversos da cidade – e o pedido está sempre na pauta, para mais e mais agentes da segurança nas ruas.
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Carros, porém, não faltam. O comandante do 10° Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Claudio Roberto Koglin, afirma que há seis viaturas paradas por falta de policiais para utilizá-las: três carros e três motos. Para que elas pudessem ir para as ruas a corporação precisaria de, pelo menos, 30 policiais – 24 para os carros e seis para as motos. A falta das viaturas, é claro, é sentida pela população. Se um policial faz diferença, como afirma o comandante, as viaturas paradas são um exemplo dos problemas que a falta de efetivo causa em Blumenau.
– Qualquer coisa a mais que se tenha é um aumento que eu posso dar no atendimento à segurança pública. Estas viaturas só não estão rodando por falta de policiais para saírem com elas. Tem tanta demanda por policiamento que se elas não estivessem atendendo ocorrências poderiam estar na frente de uma escola, ou fazendo um trabalho preventivo – exemplifica.
Outra situação que impede os veículos de irem para as ruas é a documentação. Isto porque os carros e motos foram a última aquisição feita com recursos do Fundo Municipal de Segurança Pública de Blumenau (Funseb) pouco antes dele ser extinto, no ano passado. As viaturas foram entregues – e licenciadas – em nome do fundo. Com a extinção, os veículos foram doados para a polícia Militar, porém, Koglin diz que o processo de transferência ainda não foi concluído:
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– É tudo extremamente burocrático. Primeiro foi um problema na prefeitura, depois no Estado e depois teve um problema com a Polícia Militar. Agora disseram que estávamos com uma multa porque os carros não estavam emplacados, mas eles nunca puderam ser emplacados. Enfim, não sei quando eles vão poder rodar. Já era pra estarem rodando. Sem a documentação eu não posso colocar eles na rua, tenho que dar o exemplo, mas mesmo que tivesse (legalizado), não teria efetivo.
O Funseb foi extinto em março de 2013, depois que uma decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina considerou a lei que o criou inconstitucional. Desde então os veículos aguardam a transferência e, agora, também vão ter de esperar a chegada de mais policiais.