A rara ou inexistente troca de informações entre os órgãos de inteligência da Justiça e Cidadania, Deap, Segurança Pública e polícias Civil e Militar com os policiais que atuam diretamente nas investigações sobre os criminosos tem dificultado avaliações profundas do alcance das facções criminosas que atuam em Sant Catarina.
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Hoje, não há estatística ou documentos que façam um raio-X mais profundo do alcance dos bandos. O que existe é uma catalogação de informes ou documentos, mas não é uma análise criminal detalhada sobre essas associações, com início, meio e fim de toda a movimentação gerada.
Isto significa que a sociedade dificilmente terá conhecimento sobre as relações dos grupos com os atentados, quando eles se concretizaram ou não. Assim, a prevenção torna-se mais difícil e um alerta pode ser falho ou mesmo desacreditado.
Policiais chegam a responder sindicâncias por alertar colegas de ameaças
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A forma como o Estado trata o assunto é tão pouco familiar dos policiais que alguns deles chegam a responder a sindicâncias internas da corregedoria por alertar colegas de eventuais ameaças. Foi o que aconteceu com uma delegada lotada na Grande Florianópolis, investigada internamente por ter enviado um e-mail aos colegas sobre possíveis ações do PGC.
No alerta dela havia em anexo informes da Inteligência da Secretaria da Justiça e Cidadania. A policial teve de defender-se da alegação de suposta violação de dados sigilosos, mas o episódio já teria sido encerrado, conforme ela relatou ao DC.
– As agências de inteligência não raro trocam informações entre si. Mas, com os policiais na ponta, que estão nas ruas investigando e prendendo bandidos, as informações não são avaliadas como deveriam e ninguém é consultado – disse um experiente investigador da Polícia Civil.
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No contexto de ações nos últimos anos, os policiais consultados pelo DC acreditam que o PGC ainda está longe de ser uma forte ameaça às forças de segurança. A avaliação é que as ameaças divulgadas geralmente caracterizam-se como boatos, que são desorganizados e há fragmentação em regiões do Estado.
Na Deic, ainda estão em apuração dois inquéritos sobre facções criminosas. Em agosto de 2011, pelo menos 23 pessoas chegaram a ser presas temporariamente em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O trabalho mobilizou por seis meses investigadores da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Deic. Isto porque o tráfico de drogas seria a forma pela qual o grupo se manteria, incentivando até mesmo das cadeias por telefones celulares ou cartas.
– Todos serão indiciados por crimes como associação para o tráfico de drogas. Com esta ação, conseguimos estancar a ação deles – garante a delegada da DRE, Ana Ramos Pires.
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