Em um grupo de Whatsapp, moradores de Biguaçu e Governador Celso Ramos reclamam do cheiro que acreditam vir de uma fábrica de farinhas e óleos de origem animal usadas como base na produção de ração. Há 13 dias, a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) embargou a empresa instalada no bairro Estiva, em Biguaçu. Desde então, a Farol, antiga Fábrica Ana Cecília Vieira Indústria e Comércio Ltda, parou o processamento do peixe enquanto se adéqua às exigências do órgão ambiental.
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Na última terça-feira, a empresa apresentou à Fatma uma defesa apontando melhorias e pedindo o retorno das atividades. De acordo com o órgão, o pedido segue em análise, mas não tem prazo para a resposta.
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O empresário Ricardo Augusto Labes, morador do bairro Estiva, já entrou com vários pedidos no Ministério Público de Santa Catarina de soluções para o odor exalado pela fábrica. Ele conta que a primeira reclamação foi no início dos anos 2000. Segundo ele, a família ainda sofre com o cheiro. Labes afirma que tem até vergonha de levar visitas em casa.
O empresário já foi presidente da associação de moradores do bairro. Com o tempo, reuniu um grupo de pessoas interessadas em acabar com o problema e acumulou um acervo de documentos e reportagens sobre o assunto. Em 2010 e 2011, seus pedidos junto ao MP-SC resultaram em uma ação civil pública e um termo de ajustamento de conduta (TAC). Em 2012, o morador recorreu à Fundação Municipal de Meio Ambiente de Biguaçu (Famabi).
— Não quero que a empresa feche porque sei que tem pessoas que dependem dela para trabalhar, mas quero uma solução. Tem dias que conseguimos sentir o cheiro na BR-101 — conta o empresário.
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Em 2012, a empresa Farol, de Chapecó, assumiu parte do comando da fábrica. O grupo especializado na produção de farinhas e óleos de origem animal atualmente conta com nove unidades, sendo cinco em Santa Catarina, e tem 106 funcionários. Mesmo com o embargo, nenhum deles foi demitido.
De acordo com o gerente industrial Israel Ferraz, há cerca de um ano e meio a Farol assumiu totalmente o controle da empresa. Desde então tem feito melhorias para evitar que o cheiro proveniente da produção das farinhas e óleos seja tão forte. Há cerca de um mês, a empresa contratou uma consultoria para avaliar o que poderia ser mudado e um plano de ações foi aplicado.
Segundo Ferraz, uma das alterações é que foi aumentada a altura do lavador de gases, onde é colocado o odorizador, que neutraliza o mau cheiro. São quatro barreiras para evitar o problema, explica.
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Contraponto
O administrador Joares Albuquerque afirma que a fábrica segue as normas brasileiras e dos países que importam os produtos. Por dia, quando a fábrica está na ativa, são processadas 290 toneladas de resíduos de peixe na empresa. Em 10 dias parada, a Farol de Biguaçu deixou de produzir e exportar 754 toneladas de farinha e 145 toneladas de óleo. A fábrica exporta os produtos para países da Ásia, África do Sul, Chile, Argentina e Bangladesh e tem entre os fornecedores a multinacional Gomes da Costa.
Durante o embargo, os funcionários continuam trabalhando na limpeza dos equipamentos e no transporte da matéria-prima, que está sendo encaminhada para outras empresas do setor.
— Recolhemos matéria-prima de toda a Grande Florianópolis, resíduos que poderiam ser descartados prejudicando o meio ambiente. Além disso, os países para os quais exportamos exigem laudos de toda a produção para garantir a qualidade — explica Albuquerque.
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De acordo com o Ferraz, a maioria dos trabalhadores são moradores das comunidades de Estiva, Biguaçu, e de Areias de Cima, de Governador Celso Ramos. Segundo ele, a empresa está aberta para ouvir a comunidade. De acordo com o gerente industrial, os moradores podem entrar em contato pelo número (48) 3296-2488.