O estreitamento entre empresas brasileiras e compradores colombianos durante a Colombiamoda foi impulsionado por um acordo econômico entre a Colômbia e o Mercosul, formalizado na sexta-feira passada.

Continua depois da publicidade

A assinatura, que vai permitir zerar as alíquotas do Imposto de Importação (IPI) nas negociações com a Colômbia em alguns segmentos a partir de 2018, é favorável especialmente para o setor têxtil. A novidade foi citada com grande expectativa pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos Calderón, no discurso de abertura da Colombiamoda, mirando nos grandes mercados brasileiro e argentino.

:: Têxteis do Vale do Itajaí marcam presença em feira de moda na Colômbia

O acordo é visto com cautela pela presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Maria Teresa Bustamante. Ela lembra que a Colômbia integra o bloco comercial da Aliança do Pacífico, o que expõe a indústria catarinense a uma concorrência pesada:

— Há uma matriz de mercados com competitividade acirrada entre Brasil, Colômbia, Peru, México, Chile, Uruguai, Paraguai e Argentina: países do Mercosul e da Aliança do Pacífico. Será ainda mais desafiador conseguir concorrer com esta igualdade de tarifas. O que vai prevalecer agora é a qualidade, o design, o novo modelo de negócios.

Continua depois da publicidade

Na opinião de Maria Teresa, para ganhar corpo neste cenário as empresas precisam estar preparadas para internacionalizar a produção, e não apenas exportar o produto acabado.

O novo modelo de negócios que está prevalecendo nesta região do Pacífico quebra a concepção de coleções temporais, rompe com a tradição da sazonalidade. Eu percebo claramente que aqui (na Colômbia) não tem mais essa divisão de coleções de verão e inverno, esta página já foi virada. E isso mexe com a cadeia de custos — esclarece.

Experiência inspiradora

A própria trajetória do mercado de vestuário da Colômbia é fonte de inspiração. A crise enfrentada anos atrás pela invasão das peças fabricadas na Ásia acabou por levantar a poeira da indústria local e fortalecê-la.

Ao perceber que não havia como concorrer com os preços dos asiáticos, o setor apostou na autenticidade do design local e aplicou uma estratégia mais nacionalista. Os têxteis colombianos reinventaram-se ao transcender o produto e parar de olhar para a moda como mero varejo, explica Clara Velásquez, diretora comercial do Inexmoda, instituto que promove a Colombiamoda.

Continua depois da publicidade

:: Leia mais notícias de Blumenau e região em santa.com.br

Presidente do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), Amélia Malheiros esteve na Colombiamoda com a missão de estreitar com a Fiesc, via Câmara da Moda, as parcerias possíveis para levar esse pensamento de inovação para o Estado. Com olhar atento às tendências, para Amélia destacaram-se na feira a aposta nas raízes latinas e a forma como as empresas preservaram o desejo de compra:

Os colombianos têm a parte de design muito bem desenvolvida. Desse desejo do consumidor eles estão trazendo um valor que retroalimenta a cadeia de produção. O SCMC acredita nisso há 12 anos, a gente vem trabalhando para incutir essa ideia desde a formação do aluno até a conversa com as empresas, para proporcionar que as marcas locais, pequenas e grandes, tenham acesso a esses pensamentos mais disruptivos em relação ao mercado.

*A jornalista viajou à Colômbia a convite da Colombiamoda