Vilfredo Schürmann nasceu em Florianópolis e conhece cidades com o turismo náutico desenvolvido e modernizado. Ele trará seu conhecimento para palestra que acontece nesta terça-feira, em Florianópolis. Junto com a prefeitura, novas ideias podem surgir da mesa redonda com Amyr Klink e Christophe Vieux.

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Diário Catarinense – A prefeitura de Florianópolis está com novos projetos náuticos, entre eles a construção de novas marinas. O que você acha que falta para alavancar essa área na cidade?

Vilfredo Schürmann – Eu viajei por este mundo todo. Em Florianópolis, pelo crescimento dela, o que não concordo é que não haja nenhuma infraestrutura marítima. Não aceito que não tenha uma marina moderna. O que acontece por aqui? Fazem cada vez mais garagens de barco, quando aquele barco vai pra água com óleo e tudo. E nós podemos fazer marinas com estrutura e com um escritório do Ibama dentro, para mantermos o meio-ambiente preservado. A maioria dos barcos joga tudo no mar, que é cada vez mais poluído. As marinas modernizadas e projetadas farão que isso não aconteça.

DC- E onde seriam os melhores espaços da cidade para receber estas marinas?

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Schürmann – Os navios vêm pra Itajaí, Porto Belo, Búzios (RJ), e Florianópolis? Nada. Florianópolis poderia utilizar aquele canal que passa por Ratones (Norte da Ilha), e por lá os navios poderiam chegar até o Centro. Ali, até a Beira Mar-Norte poderiam fazer uma marina como há em Cascais, em Portugal, ou em Porto Madero, em Buenos Aires, ou como na África do Sul. Exemplos não faltam. Pretendo mostrar em fotos no encontro de amanhã (hoje) o que tem lá fora: nos Estados Unidos se cria ostras e mariscos para provar a qualidade da água. Se ficarmos com essa mentalidade, vamos poluir mais do que se não tivéssemos estrutura e, pior, sem turistas.

DC – Qual é o principal empecilho que existe para investir por aqui?

Schürmann – No âmbito do governo federal, a própria legislação do Ibama não está muito clara com relação a isso. É muito difícil para o empresário tirar uma licença. Os técnicos não estão muito firmes e não há uma legislação bem definida. Tudo o que pode e o que não pode tem de ficar claro, incluindo os procedimentos do Ibama e Ministério do Meio Ambiente, para saber qual o caminho certo. Outro empecilho é a visão das pessoas que acham que investir em estrutura marítima vai destruir a cidade. Muito pelo contrário, vai humanizá-la.

DC- O que o senhor vai propor amanhã?

Schürmann – Vou citar exemplos como o da Cidade do Cabo, na África do Sul, onde existia o porto mais sujo do mundo. Hoje, após investimentos, o local recebe mais de 3 milhões de turistas e golfinhos e baleias voltaram a circular. Por lá, vemos que há meios para se fazer uma cidade linda, limpa, e que vá atrair barcos do mundo inteiro. Eles não vêm a Florianópolis porque não há infraestrutura.

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