A falta de infraestrutura náutica impossibilita que Florianópolis esteja no roteiro das embarcações do mundo – a ilha, com potencial assumido e discutido, consegue receber embarcações menores e em pouca quantidade, assume o prefeito da Capital, Cesar Souza Junior. A maior marina da cidade tem capacidade para 650 barcos médios e atende somente a associados, sem espaço para turistas. De acordo com a prefeitura, tal empecilho para a exploração do turismo tem de acabar.

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É na maior marina da cidade, o Iate Clube Veleiros da Ilha, que três referências em navegação e conhecedores da estrutura náutica mundial discutirão novos projetos para alavancar o turismo pelo mar em Florianópolis. Amyr Klink, velejador pelo mundo, Vilfredo Schürmann, navegador catarinense e conhecedor da Ilha de Santa Catarina, e Christophe Vieux, diretor francês do maior Salão Náutico da Europa, terão cerca de 50 minutos cada um para expor suas experiências em outros cartões postais em infraestrutura marítima. O evento ocorrerá das 10h às 17h desta terça-feira e é aberto ao público.

– La Rochele, cidade da França com um dos maiores aproveitamentos do mar no mundo, começou com a ideia de um prefeito visionário. Vamos trazer exemplos positivos aplicáveis para a cidade e tentar fazer o mesmo – disse Vieux.

O plano diretor de Florianópolis estará em discussão com a presença do prefeito e o secretário de Planejamento Urbano, Dalmo Vieira Filho. Eles confirmam a falta de investimento no setor, mas garantem uma mudança a partir de 2014, com a implementação do Projeto Orla. Os esboços ainda são iniciais, sem desenhos concretos, mas Cesar Souza Junior adiantou que pretende projetar três novas marinas – na Baía Sul, Baía Norte e no Norte da Ilha – e adaptar áreas de trapiches que serão reguláveis de acordo com a maré. O intuito é de receber pequenas e grandes embarcações.

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– Vamos recuperar o nosso débito com a utilização do mar em Florianópolis. Temos um potencial claro para expandir que não estamos aproveitando – disse Cesar Souza Junior.

A iniciativa privada já demonstrou interesse em investir e licitações serão abertas em, no máximo, um ano, garante o poder público municipal. No próprio local em que será realizado o evento desta terça-feira, o Iate Clube Veleiros da Ilha, o gerente geral, Luciano Oliveira, diz que não há para onde crescer.

– Não adianta vendermos embarcações sem ter onde colocar. Com mais investimento consciente, mais gente vem pra cá – disse.

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Os palestrantes

CHRISTOPHE VIEUX

Francês de 53 anos, é presidente do Grand Pavois, um dos principais salões de turismo náutico do mundo, e especialista reconhecido internacionalmente no setor. Veio a Florianópolis a convite do secretário Dalmo Vieira Filho para ajudar a idealizar novas estruturas. Há um ano, esteve no Rio de Janeiro para o Rio Boat Show 2012, evento sobre turismo náutico. Na época, disse: “Todo mundo que está na Europa está olhando para o Brasil”.

AMYR KLINK

Escritor e viajante, chegou a atravessar o Oceano Atlântico com um barco a remo. Depois construiu o barco Parati para ir até a Antarctica, onde morou por um ano com a embarcação presa no gelo. É autor de oito livros, o mais recente é o Linha-d’Água: entre estaleiros e homens do mar, de 2006. Atualmente vive em Parati, no Rio de Janeiro.

VILFREDO SCHÜRMANN

Economista, consultor, empresário e velejador. Após dar a volta ao mundo em um veleiro, colocou em prática seus 10 anos de conhecimento em projetos náuticos. Registrou em fotografias os melhores exemplos e administrou o Projeto Magalhães Global Adventure, onde refez a rota do navegador português Fernão de Magalhães, coordenando uma equipe de 17 pessoas, entre mar e terra, com atividades em Porto Belo, Santa Catarina, e nos Estados Unidos. Nasceu em Florianópolis.

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