Passados um ano e quatro meses após ter dado entrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Dias Toffoli revogou nesta quinta-feira a cassação do registro de candidatura do ex-prefeito de Joinville, Carlito Merss (PT) relativa às eleições de 2012.

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Em agosto do mesmo ano, Carlito teve sua candidatura suspensa depois que uma decisão da 19ª Zona Eleitoral de Joinville considerou que o petista teria extrapolado o valor médio gasto com publicidade na Prefeitura no primeiro semestre de 2012 no comparativo com três anos anteriores, o que a legislação eleitoral proíbe.

Às vésperas da eleição, Carlito ainda tentou reverter o caso junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC). Em uma sessão equilibrada, houve empate entre os desembargadores e a decisão da primeira instância foi mantida.

Com o processo, o ex-prefeito não teve seus votos computados no primeiro turno de 2012 _ o TRE os considerou como nulos _ e teve seus direitos políticos cassados por oito anos ao ser enquadrado pela Lei da Ficha Limpa.

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Em Brasília, o ministro Dias Toffoli alegou que é de entendimento do tribunal de que não é possível comparar os gastos semestrais à média anual com publicidade e que, por isso, não fazia sentido manter a cassação da candidatura.

-Levando em conta a média anual de despesas nos últimos três anos, na ordem de R$ 7.321.247,36, e o valor de R$ 4.141.622,07 relativo às despesas com publicidade efetuadas em 2012, conclui-se não ter sido extrapolado o limite de gastos (…) Ademais, observo que, mesmo considerada a média semestral, o valor gasto a mais foi de R$ 480.998,39, ou seja, 11,61% a mais que o limite adotado pela corte regional. Tal percentual demonstra a ausência de proporcionalidade na aplicação das penas impostas, especialmente a de cassação de registro-, escreveu o ministro.

Alívio para o petista

Advogado de Carlito e do então candidato a vice prefeito Eni Voltolini (PP), Mauro Prezotto conversou com o ex-prefeito assim que soube da decisão do ministro. Segundo ele, o petista estaria muito contente e aliviado por ter seus direitos políticos restabelecidos.

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-Essa espera foi muito angustiante para o Carlito e para o Voltolini, mas sempre fomos muito otimistas quanto ao resultado. Apesar de toda a demora, fez-se justiça-, afirmou.

O ex-prefeito foi procurado durante o dia de ontem por telefone pela reportagem, mas não foi localizado.

Rejeição das contas é o próximo desafio

Apesar de ter recuperado seus direitos políticos com a decisão do TSE, o ex-prefeito Carlito Merss ainda está ameaçado de ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Em dezembro, o Tribunal de Contas do Estado recomendou a rejeição das contas relativas ao último ano de sua administração na Prefeitura de Joinville.

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Na época, o parecer ressaltou o déficit de R$ 78 milhões deixados por sua gestão – o que seria equivalente a 40 dias de arrecadação do município. O ex-prefeito tenta um recurso administrativo no órgão, alegando que não recebeu as notificações a tempo.

Por lei, as contas da Prefeitura ainda precisam ser votadas pela Câmara de Vereadores. Caso a recomendação pela rejeição das contas seja aceita pelo Legislativo, Carlito é barrado pela Ficha Limpa e não poderá disputar a nenhum cargo eletivo por oito anos.