Dona Maria Miguel da Silva nasceu de novo aos 70 anos. Ela sobreviveu ao acidente que aconteceu no final da tarde desta terça-feira, na zona Sul de Joinville, quando um caminhão que transportava quatro pessoas na cabine e mais quatro na carroceria, caiu em um rio. A amiga de Maria, Cleonice Heiler, de 57 anos, não teve a mesma sorte. Ela não conseguiu sair da cabine e acabou morrendo afogada.

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>> Caminhão cai em rio e uma mulher morre na zona Sul de Joinville

O grupo de mulheres que foi transportado no caminhão participava de um encontro de idosos na comunidade Santa Edwiges, no bairro Fátima, quando começou a chover. No final do encontro, o grupo já não podia mais sair porque a água havia tomado conta da rua.

Com o intuito de ajudar a comunidade, o dono do caminhão fez a travessia das pessoas ilhadas de forma improvisada. Dois grupos de adultos e crianças chegaram a ser transportados antes do acidente, segundo relatos de moradores. Quando recebeu a carona, Maria ficou na dúvida. Ela pensou em esperar a água baixar, mas a amiga Cleonice pediu para que ela a acompanhasse. Cleonice queria voltar cedo para casa porque planejava preparar uma pizza para recepcionar o neto que estava de aniversário.

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– Eu vi a morte na minha frente, não sei como saí daquele carro pela janela, no meio da água. Agradeço a Deus porque a janela estava aberta, se estivesse fechada eu teria morrido, como a minha colega que foi embora. Foi uma notícia muito triste – contou ainda emocionada.

Na cabine estavam o motorista, Cleonice com a neta de sete anos no colo e Maria. As outras mulheres foram transportadas na carroceria. Maria contou que uma colega a puxou pela janela. O motorista também ajudou a tirá-la e voltou para resgatar Cleonice. Depois disso, não viu o que aconteceu. O que se sabe é que não houve tempo de salvar a amiga. Ninguém mais se feriu.

Cleonice era conhecida pelo envolvimento com as atividades da igreja. Contava sempre com a companhia da prima Norma de Ramos Vieira, de 66 anos, que era como uma irmã.

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– Onde eu ia, ela estava comigo. A gente se dava muito bem, riamos muito. Conversamos ontem, ela me pediu pra ajudar com a reunião do Apostolado – recorda Norma.

Cleonice Heiler na 1ª comunhão de um dos netos

A igreja amanheceu fechada com sinal de luto na porta. Os quatro filhos de Cleonice decidiram velar o corpo da mãe em casa. O Instituto Médico Legal demorou mais de 12 horas para liberar o corpo. O velório só pode iniciar depois do meio-dia desta quarta. O sepultamento está programado para acontecer às 10 horas desta quinta-feira, na capela Nossa Senhora de Fátima.

Um inquérito foi aberto pela Delegacia de Trânsito para investigar o acidente. Motorista e testemunhas devem ser ouvidos nos próximos dias.

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Confira o depoimento de dona Maria em vídeo: