Para poder construir uma montadora em Araquari, no Norte de Santa Catarina, a BMW precisa mostrar que sabe o que a sua chegada vai ocasionar na região e que tem condições de lidar com estas mudanças. O relatório de impacto ambiental (EIA-Rima) que a empresa alemã entregou para a Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão responsável pela liberação das licenças necessárias para as obras, faz uma análise profunda destes impactos.
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De acordo com o EIA-Rima, a maioria dos efeitos vai ser de baixa intensidade e reversível. A reportagem de “AN” destacou cinco grandes grupos de fatores que devem ser levados em conta sobre a instalação da unidade: os impactos no meio físico, que correspondem aos efeitos da construção da unidade e o que isso vai mudar no ambiente; além de os efeitos na população, na economia, nas finanças do município e na infraestrutura urbana.
O documento serve como um dossiê para a população local, que vai participar de uma audiência pública, prevista para ocorrer em aproximadamente um mês, na qual detalhes do investimento de R$ 1 bilhão vão ser explicados.
Na ocasião, os moradores de Araquari vão ter acesso às avaliações técnicas realizadas pela empresa terceirizada Environ Brasil Engenharia Ambiental, responsável pelo relatório sobre a fábrica de 252.520 m², instalada em um terreno de 492.750 m² às margens do quilômetro 66 da BR-101.
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Tanto o documento quanto a audiência pública são passos necessários para a liberação de uma licença ambiental prévia (LAP), que antecipa a licença ambiental de instalação (LAI).
O estudo contratado pela BMW conclui que a obra é positiva para a região. “As avaliações ambientais consolidadas demonstram que o arcabouço (estrutura) de programas propostos terá o efeito de neutralizar parte significativa dos aspectos potencialmente negativos do projeto e potencializar os impactos positivos, de maneira que, a médio ou longo prazo, os impactos globais resultantes sobre todos os componentes ambientais afetados serão muito reduzidos. (…) Considera-se que o empreendimento poderá levar diversos benefícios ao município de Araquari, assim como ao desenvolvimento da economia do Estado de Santa Catarina”, diz o texto.
Crescimento econômico depende de compensações
O impacto para as finanças de Araquari resulta em incremento na arrecadação do município. Segundo o documento, este efeito indica que a cidade criará um ritmo de crescimento que provavelmente não se estabilizará. Na conclusão sobre o impacto na arrecadação da cidade de 25 mil habitantes, o EIA-Rima destaca que “são esperadas alterações na arrecadação tributária decorrentes dos impostos e taxas gerados pelo consumo de produtos e matérias-primas durante as obras de implantação e durante a operação da planta”.
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Outro ponto defendido no documento é a geração de empregos e a qualificação da mão de obra dos profissionais da região. Somando os postos de trabalho diretos e indiretos, tanto na operação da fábrica quanto na construção, serão cerca de 31.470 oportunidades.
É de olho nestes efeitos positivos que a Prefeitura se compromete a trabalhar para ajudar a “neutralizar” possíveis efeitos negativos. Entre os pontos que o prefeito João Pedro Woitexem garante colaboração é na infraestrutura.
– A área em que a BMW vai se instalar é de uso industrial. Estamos preparados para orientar a população sobre as áreas adequadas para a vivência de comunidades e vamos fiscalizar se novos grupos não estão se fixando naquela região -, diz, em relação ao zoneamento.
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Entre os pontos de alerta do EIA-Rima é o impacto sobre a vegetação e espécies que vivem hoje no terreno. Em contrapartida, a BMW afirma no documento que pretende realizar ações que minimizem estes aspectos. Além do resguardo de algumas áreas da fauna, a intenção é criar um viveiro para preservar plantas e um germoplasma (unidades conservadoras do material genético da vegetação para uso de novas mudas no futuro).
Esclarecimentos
A SCGás esclareceu ontem que fornecerá para a fábrica da BMW em Araquari apenas gás natural (GN), que será utilizado nas cabines de pintura e para atendimento às demandas de cocção e aquecimento de água, cuja quantidade de distribuição ainda está em estudo pelos técnicos da instituição e da montadora. O dado de 3 milhões de m³ de GLP ao ano informados no documento enviado à Fatma não se enquadram nas atividades da SCGás.
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