Motivada pelos dados de discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs), a universitária Gabriela de Liz resolveu falar sobre o tema em seu projeto de conclusão de curso. Gabriela é estudante de Design de Programação Visual da Universidade da Região de Joinville (Univille) e produziu uma animação instrutiva com o objetivo de informar e conscientizar as pessoas sobre orientação sexual e identidade de gênero.
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São poucos os dados sobre crimes contra LGBTs no Brasil, mas não é difícil afirmar que trata-se de algo recorrente. Um levantamento divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDHPR) em 2014 apontou que a cada hora, um gay sofre violência no País. Diariamente, haters promovem um discurso de ódio nas redes sociais, motivados por não aceitarem a condição de quem assume características que fogem daquilo que consideram como padrão. Confiante de que o material pudesse sensibilizar essas pessoas, Gabriela de Liz se dedicou ao projeto orientada pelo professor Guilherme Zaffari, que sempre apoiou a ideia.
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Para Gabriela, as questões abordadas no projeto são consideradas básicas, mas que muita gente desconhece. Esse desconhecimento, segundo ela, não se justifica apenas por preconceito ou discriminação.
– Questões como as diferenças entre cisgênero e transgênero não são explicadas em escolas, muito menos citadas ou conhecidas nos meios de comunicação que atingem a sociedade. Faltavam iniciativas educativas que pudessem suprir esse desconhecimento. Procurei tratar sobre o tema de forma amigável e instrutiva, sem partir do pressuposto de que o discriminador é uma pessoa ruim, mas sim uma pessoa desinformada. É o resultado de uma pesquisa de um ano – afirma.
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A animação produzida pela estudante e com a participação de colegas tem pouco mais de três minutos e fala, entre outros temas, sobre a diferença entre cisgênero e transgênero. De acordo com o material, “quem se identifica com o que lhe é atribuído é chamado de cisgênero”. Já os transgêneros “sentem que seu corpo não está adequado à imagem de gênero que tem de si”. É o caso de transexuais, travestis e drag queens. O vídeo também destaca que os homossexuais não questionam suas identidades como homens ou mulheres. Identidade de gênero é diferente de orientação sexual.
Desde a última sexta-feira na internet, o vídeo já foi visualizado por mais de duas mil pessoas. O objetivo da estudante é que ele também seja utilizado em outras plataformas. Para isso, o vídeo está disponível em sua conta pessoal no YouTube e no Facebook. Gabriela diz que a animação será disponibilizada para professores, palestras, encontros e discussões sobre questões de gênero e orientação sexual.
A estudante diz que trata-se de um material inédito no País, já que não existia nenhuma animação sobre gênero em língua portuguesa. O trabalho foi feito baseado numa metodologia chamada de design instrucional, utilizada para desenvolver projetos voltados para educação de uma forma que transmita a informação de maneira eficiente.
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– Nesses estudos procurei entender como o ser humano aprende através de vídeos educacionais e como as informações podem ser assimiladas de forma clara e objetiva. Meu principal desafio foi colocar oito páginas de fundamentação teórica sobre gênero e orientação sexual em um roteiro de uma página – explica.
Confira a animação produzida pela estudante: