O número 1.555 da Rua 1º de Janeiro é um dos primeiros a ser tomado pelas águas do Ribeirão Itoupava quando chove em Blumenau. Catarina Becker, 65 anos, mora na casa há 20 anos e mantém o sorriso no rosto, mesmo sabendo que há risco de chuva acima da média para os próximos meses.

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Quando o pai dela, natural de Campos Novos, comprou o terreno há 30 anos, mal sabia que a rua era a primeira a alagar em Blumenau. Catarina já perdeu as contas de quantas enchentes enfrentou, mas a organização da família e o apoio dos vizinhos ajudaram a minimizar as perdas nas últimas cheias.

– Estou rezando para que não venha a água que estão dizendo que vem. Fico de olho na previsão o tempo todo e troco mensagens com os vizinhos. Aqui todo mundo se ajuda porque a natureza não espera e nem manda recado.

Ela, o marido, os seis filhos, três gatos e oito cachorros têm lugar fixo para ficar caso o nível do ribeirão suba. Se a situação é crítica, todos já sabem o roteiro: uma empresa cede o espaço para a família e ajuda com caminhões para fazer o transporte dos móveis.

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Também em Blumenau, no bairro Garcia, Maria das Graças Westphal, 57, é uma das primeiras a ocupar o abrigo na Igreja Santa Luzia quando chove forte. A casa dela, localizada em encosta, tem a proteção de um muro e o barranco nos fundos, uma camada de cimento para evitar desmoronamentos. A casa nunca foi atingida, mas a missão de Maria das Graças é ajudar os vizinhos.

– Quando a chuva começa, saio de casa com meus dois netos para ajudar a vizinhança e tirar as pedras e lama da tubulação para a água escoar. No abrigo sempre há muita coisa para fazer e gente para ajudar – conta.