A família do homem baleado em ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar na madrugada de quinta-feira, 16 de novembro, aguarda por notícias melhores vindas do Hospital Marieta, em Itajaí, ao mesmo tempo em que espera por justiça. Eles afirmam que José Manoel Pereira, 44 anos, não tinha nenhum envolvimento com a quadrilha de assaltantes que o grupo especial monitorava e que tentou invadir uma agência do Banco do Brasil por volta das 3 horas de quinta-feira. José está na UTI, em coma induzido, após ser atingido na nuca quando estava próximo ao local da perseguição aos assaltantes, em um carro com outros três homens.

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— Estávamos ali parados,no lugar errado, na hora errada — lamentou o sobrinho de José, que também estava no veículo e não quis ter o nome divulgado — A gente ficou com medo, tinha muito tiro atrás de nós, então eu mandei “acelera, vamos embora, vamos pra casa”. Nisso meu tio já estava desmaiado, baleado.

O homem contou à equipe de reportagem da NSC TV que, naquela noite, faziam um churrasco em casa, aproveitando o feriado de Proclamação da República. Por volta das 2h30, decidiram comprar mais cervejas e foram à loja de conveniências de um posto de gasolina. Somente o sobrinho de José saiu do carro e estava sendo atendido quando ouviu o barulho de tiros.

— Comentei: “é tiroteio, senhores, vamos sair correndo”. Saí correndo, atravessei a rua, entrei no carro e pedi pro meu amigo sair que estava ocorrendo um assalto e tiroteio — relatou.

Ele afirma que, após ver José ser baleado, os ocupantes do veículo voltaram para casa e, lá, pediram que um parente o levasse ao pronto atendimento. No caminho, como utilizou o mesmo veículo, um Siena preto, o carro teria sido atingido por tiros novamente ao passar por uma viatura da Polícia Militar.

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Segundo o Bope, a equipe reagiu contra os ocupantes de um Siena preto que abriu fogo contra os policiais — as vítimas negam possuírem armas ou terem atirado contra os policiais. Um inquérito policial militar vai apurar os detalhes sobre a ocorrência, da mesma forma que a Polícia Civil.

A operação estava ocorrendo porque a Polícia Militar monitorava uma quadrilha de assaltantes especializada em roubo a bancos. Ao tentarem entrar pela lateral de uma agência do Banco do Brasil localizada na avenida Nereu Ramos, os assaltantes foram surpreendidos pela polícia. Houve confronto e dois suspeitos morreram. Um homem foi preso em flagrante e outro detido mais tarde.

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Polícia ouve pessoas que teriam sido feridas por engano durante ação do Bope em Piçarras

(Volta)

José Manoel Pereira, de 44 anos, tá em coma induzido na uti do hospital Marieta, de Itajaí. Ele já passou por um exame que confirmou morte cerebral e outro que não. Hoje à tarde o comandante do Bope nos disse por telefone que a equipe que estava aqui reagiu contra um siena preto que abriu fogo contra os policiais. Assim como todos os casos com mortes, um inquérito policial militar vai apurar o que houve. Detalhes da operação não podem ser passados por se tratar de uma ação de inteligência. A polícia civil tá apurando também. Um inquérito pra investigar a ação da quadrilha de caixeiros e do Bope e outro pra apurar os homicídios.

A Polícia Civil de Balneário Piçarras começou a ouvir as testemunhas da operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar durante assalto a uma agência do Banco do Brasil na última quinta-feira, 16. O delegado Wilson Masson, responsável pelo inquérito, escutou, na manhã desta sexta-feira, as pessoas que teriam sido baleadas por engano durante a ação e também os familiares dessas vítimas.

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Durante o depoimento, as testemunhas relataram que quatro pessoas estavam em um Siena no momento da troca de tiros— três delas foram atingidas pelos disparos. Um homem de 43 anos, atingido na nuca, recebeu os primeiros atendimentos no Pronto Atendimento da cidade e, em seguida, foi transferido para o Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. Ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade em estado grave.

Das outras duas pessoas atingidas, uma foi baleada nas costas e a outra atingida por estilhaços. De acordo com uma das vítimas em entrevista à NSCTV, o grupo estava comprando bebidas em uma loja de conveniência, por volta das 2h30, localizada perto da agência bancária onde ocorreu o tiroteio.

Ao ouvirem os disparos, eles entraram no carro para sair do local. Neste momento, os policiais do Bope avistaram os homens. Ainda conforme o relato, os PMs começaram a atirar na direção dos ocupantes — o primeiro tiro atingiu a nunca de uma das vítimas. O grupo continuou a trajetória, tentando se desvencilhar do tiroteio, o receio era de morrerem durante a ação. A testemunha também informou que os PMS confundiram o Siena com outro veículo que estava em fuga.

Segundo o delegado Masson, a Polícia Civil irá instaurar dois inquéritos, um documento irá apurar as circunstâncias dos homicídios e o outro investigar a quadrilha de assaltantes. Neste último também será analisada a conduta dos policiais militares envolvidos na operação, já que os familiares alegaram que as vítimas atingidas não tinham ligação com a ocorrência.

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Ainda no decorrer do depoimento, as pessoas ouvidas relataram ao delegado o Bope que Bope atirou nos assaltantes. Entretanto, essa versão ainda será apurado pela Polícia Civil. O comandante do Bope, tenente-coronel André Luis Binder, diz que ainda não pode confirmar se houve outros baleados pela PM na mesma ocorrência ou que alguém tenha sido atingido por engano.

Conforme o comandante, as trocas de tiros ocorreram em três situações: duas, em que dois suspeitos acabaram mortos, e outra em que ocupantes de um Siena atiraram contra as viaturas. O comandante, no entanto, não confirma nem descarta que alguém tenha sido atingido no veículo.

A operação

Policiais do Bope monitoravam uma quadrilha de assaltantes especializada em roubo a bancos. Por volta da 3 horas desta quinta-feira, os suspeitos chegaram ao local, uma agência do Banco do Brasil na avenida Nereu Ramos, em vários carros na tentativa de assaltar a agência. Os bandidos tentaram entrar pela lateral do prédio, mas foram surpreendidos pela polícia. Houve confronto e dois suspeitos morreram.

Um homem foi preso em flagrante e outro detido mais tarde. A PM recolheu três armas e outros objetos utilizados para a prática dos crimes. Durante o dia, familiares de um terceiro baleado alegaram que ele foi vítima de perseguição e tiro por engano.

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