No Vale do Itajaí, conhecido reduto de atletas do tiro esportivo – só Blumenau tem 40 clubes de caça e tiro, 10 deles centenários – os efeitos do Estatuto do Desarmamento foram drásticos. Antônio de Andrade, diretor de carabina apoiada da Federação Esportiva de Tiro e Caça de Santa Catarina, da Associação de Clubes de Caça e Tiro de Blumenau e da Sociedade Recreativa Esportiva 1º de Janeiro, conta que tudo ficou mais difícil: desde renovar licenças até comprar novos equipamentos e munições.

Continua depois da publicidade

::: Deputados federais discutem o Estatuto do Desarmamento em Blumenau

::: Preocupação com violência é comum entre especialistas

– O que nós usamos para o esporte não é fabricado no Brasil e por isso não deveria ter imposto pra importação, mas chegamos a pagar 126% de imposto. Eu sou atirador desde 1997 e toda vez que preciso renovar os documentos preciso de um laudo de um instrutor de tiro. Só isso custa R$ 180. Sem contar a fiscalização, que no nosso caso é feita pelo Exército, e cada vez que vem um fiscalizador nunca sabemos o que vai acontecer. Tudo é muito complicado – reclama.

Continua depois da publicidade

Loja tradicional teve queda de 50% nas vendas

O comércio também sentiu o impacto da lei. Localizada no Centro de Blumenau desde 1953, a Casa Caça e Pesca Willy Mischur viu a procura por armas de fogo cair nos últimos 10 anos. Responsável pela loja nas últimas duas décadas, James Mischur lembra que quando o Estatuto do Desarmamento começou a ser discutido a procura por armas tanto de caça quanto de uso pessoal, aumentou consideravelmente, mas desde 2003 as vendas caíram cerca de 50%, principalmente nos equipamentos esportivos, que segundo ele se tornaram caras e o processo, muito burocrático.

Para ele, o aumento da violência levou a população a buscar mais armas para defesa pessoal. Sem informar números, James revela que a procura por armas de fogo é diária.

– Todo dia atendemos alguém que vem buscar informações, mas vender não é assim tão fácil. Obter o registro demora – explica.

Continua depois da publicidade