Os combates perderam intensidade em Gaza na manhã deste sábado (horário local) após um dia marcado por uma chuva de foguetes e por ataques israelenses que deixaram cinco mortos, incluindo um menino de dez anos. Na sexta à noite, os Estados Unidos manifestaram sua esperança de que as partes cheguem a um cessar-fogo nas próximas horas e lamentaram que o movimento islâmico palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, “continue formulando exigências maximalistas”.
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Depois de três dias de trégua e de negociações indiretas no Cairo, a Faixa de Gaza voltou a ser, na sexta-feira, uma base de lançamentos de foguetes palestinos e alvo de ataques israelenses. As hostilidades se arrastam há um mês, com saldo, até o momento, de mais de 1.950 mortos – civis palestinos em sua maioria. Os bombardeios continuavam em Gaza, na madrugada de sábado, em especial nas zonas abandonadas por seus habitantes. O Exército informou que os lançamentos de foguetes contra Israel cessaram às 18h GMT (15h de Brasília) de ontem.
A calmaria relativa se seguiu a um dia de combates intensos: 60 foguetes foram lançados em direção a Israel na sexta-feira, anunciou o Exército, que disse ter realizado 82 ataques aéreos no território em represália. Três combatentes palestinos teriam sido mortos nesses bombardeios. Fontes médicas palestinas relataram que um garoto de dez anos morreu em bombardeios no norte da cidade de Gaza. No sul do enclave, três pessoas também morreram em bombardeios perto de Khan Yunis, e um jovem morreu perto de Rafah.
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, declarou-se “profundamente decepcionado” com o rompimento do cessar-fogo em Gaza. A batalha pareceu se limitar à troca de projéteis, sem recuperar a intensidade dos dias anteriores à trégua. O Exército israelense garantiu que, até o momento, sua ação se restringia aos bombardeios. Na terça-feira pela manhã, após anunciar a destruição dos túneis do Hamas, o Exército retirou suas tropas.
Moradores retornam a abrigos em Gaza
Carregados de sacolas de comida e de roupa, moradores de Gaza voltam, aos poucos, retornam aos abrigos.
– É claro que temos medo. Tenho medo, meus filhos têm medo, minha mulher tem medo – desabafou Abdullah Abdullah, de 33 anos, em uma escola de Al Tufah, perto da cidade de Gaza, onde centenas de pessoas encontraram abrigo.
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Do lado israelense, o Exército restabeleceu as disposições de defesa passiva que havia suspendido pela trégua. Israelenses e palestinos se culpam mutuamente pelo fracasso das negociações para alcançar uma trégua duradoura.
– Não tivemos qualquer resposta dos israelenses para nossas exigências. O ocupante (Israel) é plenamente responsável pelo que vai acontecer – garantiu o porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri.
Dúvidas sobre as negociações no Cairo
– Israel não negociará sob as bombas – disse um autoridade israelense que pediu para não ser identificada.
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Do lado palestino, declarações de mediadores egípcios e de palestinos deram a entender que nem tudo estava terminado.
– Continuaremos aqui para alcançar um acordo final que restaure os direitos do nosso povo – declarou, no Cairo, o chefe dos negociadores palestinos, Azam al Ahmed.
Na Cisjordânia, soldados israelenses mataram, na sexta-feira, um adolescente palestino de 19 anos que participava de uma manifestação contra a ofensiva israelense na Faixa de Gaza. Mais ao sul, um jovem palestino atingido também na sexta por disparos do Exército israelense durante uma manifestação em Hebron faleceu neste sábado, e dezenas de palestinos ficaram feridos. Na Jordânia, milhares de pessoas se reuniram na sexta-feira, respondendo à convocação da oposição islâmica, para celebrar “a vitória de Gaza”. A maioria levava bandeiras do Hamas.
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* AFP