Avisada da superlotação que afeta o Hospital Municipal São José desde setembro e piorou na quarta-feira com a falta de médicos e a greve no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, a Secretaria de Estado da Saúde está avaliando junto à Procuradoria-geral do Estado uma forma de impedir que os servidores registrem o cartão-ponto e permaneçam parados. É o que vem ocorrendo no Regional de Joinville desde terça-feira.
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– Não consigo entender como uma pessoa bate o cartão e não trabalha. Entendemos que quem quer fazer greve não deve bater o cartão -, avaliou o secretário Dalmo Claro de Oliveira.
Ainda assim, o Estado não anunciou medidas para amenizar a turbulência na saúde pública da cidade. Na quarta, a Secretaria Municipal da Saúde informou que adotaria a transferência de pacientes do São José para os prontos-atendimentos (PAs) 24 horas.
Ontem de manhã, o pronto-socorro (PS) do São José atendia a 86 pacientes em um setor projetado para atender a 43. À tarde, o número chegou a 100.
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A cena, recorrente nos últimos anos, era de pacientes internados nos corredores há dias. Funcionários estão fazendo hora extra e a equipe foi reforçada. São oito servidores; anteriormente, eram três.
Segundo o líder da área 2 do PS, Hamilton Vargas, a superlotação foi alavancada com o aumento no número de casos em que a unidade é referência: trauma e problemas neurológicos.
– E, com a falta de médicos no Regional e a greve, a demanda de pacientes clínicos está vindo para cá -, destaca ele, que avalia que a procura cresceu de 20% a 30%.
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Em nota divulgada na quarta, a Saúde municipal culpou a greve na unidade estadual pela situação complicada do São José. A direção do Regional ressaltou, na quarta, que o principal problema da instituição é a falta de médicos, mas confirmou que a greve atrapalha o atendimento.
Apesar de o PS estar atendendo a 155% mais pessoas do que poderia, a direção do São José ainda não optou por restringir atendimento, como ocorreu em 2011, frente ao registro de 120 pacientes extras.
Na noite de ontem, havia cinco pessoas internadas em leitos de observação do PA Leste, no Aventureiro. A unidade dispõe de 18 leitos, mas não tem estrutura para oferecer atendimento hospitalar. O Bethesda, em Pirabeiraba, tem sentido os efeitos dos problemas. O movimento no PA e na internação cresceu 50%, mas não havia indício de lotação.
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Mais furos na escala do Regional
Outro fato que reduziu ainda mais a capacidade de atendimento no Hospital Regional de Joinville, já comprometida pela falta de médicos, é a ausência dos profissionais. A categoria não está em greve, mas, na terça, quando a paralisação começou, não havia plantonista no turno da noite (a partir das 19 horas).
Na quarta, dois médicos apresentaram atestado: um no turno da manhã e outro no da noite. Ele mesmo médico, o secretário Dalmo de Oliveira defendeu a categoria, mas re que, em caso de denúncia, poderá ser aberta sindicância.
Hoje, o hospital terá plantonista das 7 às 13 horas. Depois, apenas na segunda-feira. Pressionada até pela direção, a Saúde estadual abriu processo seletivo para contratar seis clínicos com inscrições até 9 de novembro. No Regional, há cinco clínicos; o ideal seriam 14.
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A diretora do SindSaúde, Mari Estela Eger, garante que até 50% dos funcionários trabalham normalmente, o que seria suficiente para garantir o serviço. A categoria luta para manter horas extras, que podem ser canceladas após a contratação de novos servidores.
Pronto-socorro do São José continua com sobrecarga
A situação da superlotação no pronto-socorro do Hospital São José reduziu em 18 pacientes de quinta-feira à tarde até a manhã desta sexta. De 100 pessoas que estavam no PS, baixou para 82 entre internados e em observação , enquanto a capacidade de leitos é de apenas 43. No PA Leste, no bairro Aventureiro, há sete pacientes em observação e dois internados.
Uma pessoa que estava em estado grave, com diagnóstico de edema agudo foi transferida para o hospital Regional, para receber o tratamento hospitalar, já que havia um clínico atendendo durante a manhã.
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O movimento no PA Leste é controlado e não há superlotação. Por enquanto, o PA Leste é o único da cidade que possui internados. No Ancionato Bethesda, o movimentou aumentou em 50% no pronto-socorro e os 31 leitos disponíveis ao município estão todos ocupados.