As consequências da falta crítica de médicos na escala de plantão do pronto-socorro do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, aliada à greve dos servidores estaduais, já são visíveis no Hospital Municipal São José, em Joinville.

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O atendimento precisou ser restringido, quarta-feira, a casos de urgência porque o pronto-socorro (PS) da unidade alcançou superlotação – tinha 96 pacientes; a capacidade é de apenas 43. O hospital vem enfrentando procura acima da capacidade desde o fim de setembro. O episódio já ocorreu seis vezes no ano.

Nove pessoas que receberam a fita nas cores verde e azul, de acordo com a triagem do Protocolo de Manchester, foram encaminhadas a prontos-atendimentos (PAs), por se tratarem de casos menos graves.

A determinação, segundo orientações da Secretaria Municipal da Saúde, é de que os PAs passem a receber ambulâncias com pacientes que o São José não poderá atender (veja na página ao lado). Outro problema é que o hospital que serve de apoio ao São José, o Bethesda, em Pirabeiraba, também não dispunha, quarta-feira, de leitos.

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Como sempre ocorre nessas situações, as cirurgias eletivas (pré-agendadas) do São José foram canceladas. O quadro de 22 técnicos de enfermagem foi reforçado com mais quatro profissionais cumprindo hora extra, para ajudar a atender aos pacientes que ocupam os corredores.

Sem espaço

– Está complicado de trabalhar. Tem atendimento e medicamento, mas não espaço físico. Joinville precisa de leitos de internação para tirar os pacientes do PS -, avaliou o enfermeiro Arnoldo Boege Jr.

O gerente técnico do hospital, Daly Alvarez, reclama da sobrecarga.

– Nossa vocação é o paciente traumatizado (com fraturas, em geral por causa de acidentes de trânsito). Não podemos deixar de atender.

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A Saúde municipal também lembrou que o papel de encontrar leitos será do Samu, responsável por administrar as vagas. A grande preocupação, afirma o coordenador do serviço, Niso Eduardo Balsini, é com o primeiro atendimento dos pacientes graves – há a possibilidade de que tenham de ser atendidos nos PAs para depois serem transferidos a hospitais. Ou seja, mais demora e mais risco.

Com relação aos leitos de UTI, o Samu continuará direcionando pacientes a cidades vizinhas na falta de vaga nos hospitais públicos.

– A UTI do Regional está funcionando. O reflexo maior deve ser no pronto-socorro -, afirmou.

Via assessoria de imprensa, o Regional informou que dispõe de cinco clínicos para o PS. O ideal seriam 14. As escalas são organizadas para os dias úteis, mas não cobre todos os horários. Quarta-feira, havia no PS 22 pacientes, mas a capacidade é de 18.

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No fim da tarde, o hall estava vazio – pacientes foram orientados a buscar outras unidades. O plantonista chegaria às 19 horas, o que não ocorreu até as 21 horas. As especialidades de ortopedia e cirurgia atendiam normalmente.

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