A reação do governo do Estado à onda de furtos e roubos em Joinville nos últimos meses e à concentração de homicídios na zona Sul da cidade começou no café da manhã do governador Raimundo Colombo na manhã de terça-feira, 11 de junho, horas depois de a Associação Empresarial de Joinville realizar uma reunião e exigir medidas de prevenção na cidade mais populosa do Estado.

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A informação foi dada nesta terça pelo governador em visita à sede do jornal “A Notícia”. Durante 25 minutos, ele conversou com jornalistas e colunistas do jornal sobre segurança pública, investimentos no Norte, eleições 2014 e até sobre os protestos que marcaram a semana no País. O encontro fez parte de uma série de compromissos cumpridos no Norte do Estado durante todo o dia.

– Acompanhei essa mobilização pelo jornal “A Notícia”. Sou assinante há muitos anos e eu vi, estava na capa. Eu pedi um relatório de providências. Inclusive hoje o coronel Nazareno está aqui. Nós temos todo o relato de trabalho de inteligência -, disse o governador, que chamou os integrantes da cúpula da Segurança Pública do Estado para discutir ações.

Na conversa, ele listou algumas das ações que foram desencadeadas e outras que ainda serão postas em prática na cidade, como a compra e instalação de cem câmeras de vigilância, um sistema de controle de informações que permite uma ação mais focada da Polícia Militar, a contratação de policiais civis e militares e o envolvimento direto dos secretários de Segurança Pública, César Augusto Grubba; e de Justiça e Cidadania, Ada de Luca.

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Além disso, o comandante-geral da PM, coronel Nazareno Marcineiro, fez uma visita nesta terça à cidade e falou sobre um sistema eletrônico que pode ajudar na prevenção de crimes.

O governador também lembrou investimentos que estão sendo feitos no sistema prisional, como a ampliação da ala feminina e a ativação de um setor que estava interditado na Penitenciária Industrial de Joinville.

Ainda no começo da tarde, ele recebeu uma lista com 14 reivindicações e uma pauta de ações propostas por lideranças do Judiciário, Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, prefeito Udo Döhler, vereadores e lideranças empresariais. O encontro para pontuar as reivindicações foi promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR). O grupo volta a se reunir com os secretários de Segurança Pública e Justiça e Cidadania no dia 24, às 14 horas.

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Segurança Pública

“Vamos desenvolver todas as ações para dar segurança à população. Há investimentos em curso, como a instalação das câmeras. A câmera identifica e permite que o Judiciário seja ágil, porque não precisa ouvir testemunha, e a prova material é a melhor prova que você tem. Nós também estamos comprando 1,6 mil veículos. Então, nossa frota será renovada. Também fizemos concurso e os policiais já foram aprovados, e agora entra na época do treinamento.”

Onda de assaltos

“Haverá um reforço de efetivo por aqui, além de tecnologia, com uma série de equipamentos que nós usamos quando acontece uma crise em algum lugar, que consegue captar a fisionomia, a placa de veículo.”

Presídio

“Temos uma ampliação em curso com a ala feminina e a ampliação da unidade de emergência, que já está sendo feita a contratação, que deve começar em poucos dias. Vamos abrir o pregão eletrônico nos próximos dias, no valor de R$ 470 mil, para que sejam feitas as reformas, que contarão com ajudantes carcerários, e uma ala que está desativada será reativada. Com a ala feminina, teremos 200 vagas na penitenciária e 1,2 mil vagas no presídio.

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Fatma e Junta Comercial

“No caso da Fatma, nós fizemos um mutirão aqui, deslocamos muita gente e já conseguimos agilizar. O sistema operacional também foi simplificado. A impressão que tenho é que diminuiu muito esse processo e agora estamos reforçando a equipe. Na questão da Junta Comercial, estamos reformando todo o nosso sistema de informática e controle, além de ampliar um convênio com a associação comercial para pessoal. Isso já dá uma boa agilidade e está melhorando bem o processo. Já diminuiu o atraso. Além disso, estamos renovando alguns processos. Por exemplo: se antes tínhamos de ir até um aviário no Oeste para reformar seus certificados, agora dá para fazer a vistoria depois. Em Jaraguá do Sul, também estamos fortalecendo o escritório, com mais pessoas trabalhando.”

ICMS do óleo diesel

“Essa questão de mobilidade é um ponto apenas. Quanto à isenção, estamos estudando há algum tempo. Temos que saber como ficará o operacional disso. Se damos isenção para alguém, algo sofre mais tarde. Então, estamos estudando primeiro. Sabemos que outros Estados fizeram. Em relação ao movimento, o Estado brasileiro tem a lógica de não funcionar. Você tem um monte de exigências ambientais, jurídicas, burocráticas e legais. Para contratar uma obra, leva um ano. Daí você tem um monte de órgãos de controle e de fiscalização, e acredito que isso tudo mostra deficiência do Estado. E esse movimento, se continuar espontâneo, se não for usado por partidos e se não radicalizar, vai ajudar para um clima de mudança, que é muito benéfico.”

Caixa do Estado

“Conseguimos fazer uma economia muito grande, fizemos uma renegociação de dívida e nosso caixa está bem controlado. Não tem dinheiro sobrando, mas as emergências nós conseguimos fazer.”

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Santos Dumont

“Hoje, o maior custo de uma obra é a desapropriação. Virou um drama isso. Nós vamos ajudar porque a obra é necessária. No acordo, as desapropriações seriam de responsabilidade da Prefeitura, mas todo mundo conhece a realidade financeira da Prefeitura. Então, vamos ajudar para agilizar o processo. Senão, começa a ficar parado. Vou ajudar a pagar. Mas muita gente está abrindo mão de seus terrenos. Nossa ideia é ajudar para que não se crie obstáculos e que a obra se concretize.”

Organização social no Regional

“Não desisti. Nós demos prioridade neste momento para a OS do Hospital Florianópolis. O hospital está pronto e preciso contratar gente. Em Joinville, acredito que é possível fazer neste ano. Estamos com a concorrência do projeto em mãos para que seja feita a ampliação do Regional. Além disso, estamos fazendo uma consultoria para criar um novo modelo de gestão na Saúde, que está no fim, e vamos melhorar muito o atendimento”.

Família Bornhausen

“O Jorge Bornhausen é meu amigo há mais de trinta anos. É meu irmão. Nós sempre estivemos juntos e se não estivermos juntos no próximo ano, isso não mudará a amizade que temos nem a admiração e carinho, que são recíprocos. Já fui comunicado da opção deles (apoio a Eduardo Campos). Mas isso não afeta nossa relação. A tendência do Paulinho (Bornhausen) é essa, de deixar o PSD. Ele me disse que até por uma questão de coerência, que deveria trocar de partido. Sobre a questão de pedir mandato, isso não tem como controlar.”

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Bondinho

“Estamos fazendo uma coisa que é nova. Dando suporte em obras municipais. Falei hoje com o prefeito Udo sobre o transporte de bondinho, que é muito barato, muito rápido e muito seguro e a iniciativa privada também faz. Porque cada dia tem mais carro e isso não vai parar. Isso é uma solução. Vi em vários lugares do mundo. É algo prático. Não tem mais jeito de fazer intervenções.”

Protestos

“Hoje, nas pesquisas, o tema predominante ainda é a saúde. O segundo lugar é segurança, que passou a educação. Mas a realidade sempre pode ser mudada com um fato como este que está acontecendo. Na minha opinião, é um dos movimentos mais fortes da história do Brasil. Porque, por exemplo, o impeachment tinha um fato determinado. As eleições diretas tinham um fato determinado. E agora, qual é o fato? Há um sentimento generalizado de que o Estado não funciona. Agora está se permitindo debater isso. Com certeza, vão estar em pauta a saúde, a segurança e a educação. Mas há coisas novas que poderão surgir. Há, de forma clara, um movimento de que não adianta mudar o gestor. Tem que mudar as condições da gestão. É muita liminar para cá, liminar para lá. A democracia se sustenta em três pilares: mobilização, organização e conscientização, que nós nunca tivemos. Pela primeira vez, surge um conceito que as pessoas têm opinião. Podemos estar diante de um novo patamar de exercício democrático.”

Eleições

“O Pacto está me tirando a frustração de não ver as coisas acontecerem. Então, estou bem animado, com energia, porque as coisas estão andando. Minha posição é bem clara. Nem sou covarde para fugir, nem sou ambicioso para ser candidato de qualquer jeito. De forma honesta e transparente, acredito que está tudo nos eixos e achamos que plantamos e agora estamos colhendo. Se sentir que precisa colocar outro no meu lugar, para mim serão menos fios de cabelo branco. Foram dois anos de dureza. Enfrentei seis greves. E quando não é greve, é ataque nos ônibus. E a gente não fez nada de errado.”

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