Não bastasse o trauma de perder um familiar, na hora de velório pessoas estão tendo seus carros arrombados no estacionamento improvisado do cemitério São Francisco de Assis, do bairro Itacorubi, em Florianópolis — o maior de Santa Catarina. A Polícia Civil reconhece que o local é perigoso e que a quantidade de crimes ali tem chamado atenção.
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O estacionamento é um descampado que fica em um terreno entre as funerárias da Rua Pastor William Richard Schisler Filho. É uma área privada, porém sem cercas ou muros, por onde também passam pedestres que moram e trabalham na região.
Na manhã de 18 de agosto, a empresária Camila Ribeiro foi visitar o túmulo de um amigo e deixou o carro nesse local. Quando voltou, o veículo estava com os vidros quebrados.
— Levaram a minha jaqueta, as mochilas minha e do meu marido, onde estavam documentos e o notebook. Três dias depois, um casal entrou em contato com a gente dizendo que achou nossas mochilas dentro do lixo. Os documentos estavam lá, mas o notebook e a jaqueta não.
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Em julho, a secretária Tatiane Souza, 34 anos, foi com os pais no velório de uma tia numa manhã de domingo. Quando voltou para o carro, viu uma janela estilhaçada. Levaram bolsas com dinheiro vivo, celular funcional e demais pertences.
— A minha mãe usa marcapasso e infartou com o susto. Ela ficou 15 dias internada.
Tatiane conta que, naquela mesma manhã, outra pessoa que havia estacionado ali também teve o carro arrombado.
Dono de uma das quatro funerária em frente ao cemitério, Edcarlos Cardoso conta que as empresas já fecharam o espaço com grade, mas não demorou muito para a estrutura ser destruída. E que, se tem enterro que reúne muita gente, é só o cortejo deixar a capela rumo ao cemitério para, na volta, alguém se deparar com o carro arrombado.
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— Já recebemos várias vezes bolsas e documentos que outras pessoas encontram ali pelo chão.
Criminosos são especializados
O delegado Alfredo Ballstaedt, da 5ª Delegacia de Polícia, na Trindade, afirma que, em média, são registradas quatro ocorrências de arrombamento por mês naquele local, fora os casos em que não há notificação. E que a delegacia já trabalha com suspeitos. Segundo a investigação, são pessoas especializadas nesse tipo de crime.
— O modus operandi é semelhante em todos os casos. Dá a entender que são as mesmas pessoas. Geralmente eles vêm de carro, quebram o vidro e roubam os pertences. Não são meros usuários de drogas.
A orientação da polícia, que vale para qualquer local em que o motorista estacionar o carro, até mesmo dentro de shoppings, por exemplo, é nunca deixar nenhum objeto visível para os bandidos.
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