O uso intenso de cocaína, ecstasy e álcool num curto intervalo de tempo, como um fim de semana, é considerado pelos médicos e especialistas não mais como um ato perigoso e danoso à saúde, mas fatal.

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O consumo combinado de drogas pelo engenheiro Dealberto Jorge Silva, descrito no depoimento do irmão dele, Fernando, à Justiça mexicana, é um fenômeno preocupante e, do ponto de vista médico, um dos fatores que mais têm levado jovens e consumidores iniciantes a crises agudas, overdoses e experiências traumáticas _ como alucinações, delírios de perseguição e perda do senso de segurança.

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_ Há drogas perturbadoras, depressoras ou estimulantes. E há algumas que têm mais de um efeito. Misturar torna ainda mais perigoso. E isso tem sido comum: usuários interagindo diferentes drogas para potencializar ou prolongar os efeitos _ informa Nasser Haidar Barbosa, coordenador municipal do setor de atendimento à saúde mental de Joinville.

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Entre as combinações mais perigosas está a de álcool e ecstasy.

_ Quem usa ecstasy com frequência sabe que usar com álcool pode ser fatal. Por isso é tão comum ver pessoas em festas rave com uma garrafa de água na mão, sob o efeito da droga. Estão ‘fervendo’ ou ‘cozinhando’, como eles dizem _ afirma Nasser.

Usar três ou mais tipos de drogas em um fim de semana, por exemplo, pode causar uma desordem química tão violenta no organismo que dificilmente o usuário consegue chegar à segunda-feira sem precisar de atendimento médico especializado. Em casos mais graves, essa confusão química pode levar à morte por mais de um fator, como problemas cardíacos ou hemorragias no cérebro e no fígado, por exemplo.

O consumo de qualquer droga, além do risco de overdose, pode ocasionar graves sequelas nos sistemas nervoso (lesões dos neurônios), circulatório e respiratório.

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_ Além, é claro, de problemas de ordem familiar, social, econômica e afetiva _ alerta Barbosa.

“Enquanto houver usuário, haverá traficante”, diz delegado

O consumo de drogas sintéticas e outros tipos de drogas, como maconha e cocaína, tem se potencializado em festas fechadas e baladas. A reportagem de “A Notícia” visitou baladas legalizadas e festas proibidas em 2013 e flagrou a facilidade com que as drogas são traficadas e acessadas pelos jovens na noite. O consumo livre de pelo menos quatro tipos de drogas foi presenciado pela reportagem em uma festa rave, em Araquari, no Norte do Estado.

Levando em conta os dados de 2013 da Secretaria de Segurança Pública _ o órgão ainda não disponibilizou os dados fechados do ano passado_, a droga mais apreendida naquele ano em Joinville pelas polícias Militar e Civil foi o crack, com 75,3 kg, seguido da maconha, com 48,4 kg, e da cocaína, com pouco mais de 18 kg.

No entanto, as drogas sintéticas também tiveram um grande espaço. Só em Joinville foram apreendidos 774 comprimidos de ecstasy, 272 pontos de LSD e nove frascos de lança-perfume.

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Ampliando para as apreensões em todo o Estado, as drogas sintéticas ganham ainda mais força. Só em 2013, as duas polícias apreenderam 190,8 mil comprimidos de ecstasy e pouco mais de 13 mil pontos de LSD, o que comprova o consumo acelerado desse tipo de substância.

O delegado responsável pela Divisão de Investigação Criminal de Joinville, Jeferson Prado Costa, explica que a polícia faz um trabalho de controle, mas esclarece que a prisão de traficantes não é capaz de erradicar o consumo de drogas.

_ Nenhum usuário vai deixar de usar droga porque o traficante dele foi preso. Enquanto houver usuário, haverá traficante. É uma regra de mercado _ avalia.

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Apesar dessa certeza, a polícia insiste no trabalho de repressão.

_ A investigação é feita dentro da lei. Não se pode fazer uma busca sem mandado judicial. A investigação é trabalhosa e demorada _ acrescenta.

As apreensões feitas pela Polícia Federal, que tem a investigação voltada para o tráfico internacional, são ainda maiores.

Continuando no ano de 2013, a PF foi responsável pela maior apreensão de drogas sintéticas na região. Foram apreendidos mais de 18,7 mil comprimidos de ecstasy e mais de 2,7 mil comprimidos de LSD só na região Norte de Santa Catarina.

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A maconha e a cocaína também são drogas muito disseminadas por aqui. Só em 2013, a PF apreendeu 1,8 tonelada de maconha e mais de 376 quilos de cocaína. Em 2014, as drogas sintéticas perderam força, mas a cocaína e a maconha se mantiveram expressivas, com 588,5 kg e 51,4 kg apreendidos, respectivamente.