Trocar o carro pela bicicleta ainda vale a pena

*Por Fabio Agertt (Neurologista pediátrico)

Escolhi trocar o carro pela bicicleta em Joinville por dois motivos. Primeiro pela saúde. Passamos muito tempo dentro dos carros, estressados com a dificuldade da locomoção e sem fazer qualquer tipo de exercício. E falando como neurologista, é cientificamente comprovado que fazer exercícios melhora a atividade cerebral, melhora o humor, melhora até a concentração.

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É lógico que a locomoção a pé talvez fosse até melhor, mas por conta das distâncias, é inviável em alguns casos. Mas a bicicleta é sempre uma alternativa, tanto para o exercício quanto para aumentar as oportunidades de se movimentar durante o dia.

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Depois, temos sempre que considerar a dificuldade no trânsito. O projeto das ruas e rodovias é, essencialmente, pensado para carros. A desvantagem aparece para os pedestres, e já podemos perceber isso nas ruas mais movimentadas do Centro, onde, sem a ajuda de semáforos ou radares, é quase impossível que alguém consiga atravessar as vias com tranquilidade.

E mesmo assim, com uma realidade de trânsito pensada só para os carros, ainda não é o bastante. Em determinados horários e locais, o trânsito é tão intenso que inviabiliza a locomoção de qualquer pessoa. É nesse momento que as bicicletas mostram algumas de suas vantagens, potencializando o deslocamento.

Muitos motoristas ainda têm dificuldades em aceitar a presença da bicicleta no trânsito, por isso as ciclovias são tão importantes, representando um espaço destinado exclusivamente aos ciclistas. Considerando a demanda regional e o tamanho da nossa cidade, temos que convir que ainda existem poucas delas em Joinville, e aí o ciclista tem de se adaptar.

É quando começam a surgir os acidentes. Mais do que pensar e planejar as ciclovias, é fundamental que se pense também na segurança delas. Se fosse mais seguro andar de bicicleta em Joinville, mais pessoas escolheriam pedalar, não há dúvidas.

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Andando de bicicleta, vejo muitos ciclistas que também não seguem as regras de trânsito. Vemos muitos pedalando na contramão, muitos fazendo conversão onde não é permitido, andando no meio dos carros, e isso tudo expõe as pessoas a riscos. Particularmente, acredito que mais vale o ciclista procurar caminhos alternativos, evitando as ruas com maior fluxo.

O investimento por parte do poder público em ciclovias é baixo, e temos que entender que o mundo inteiro está pensando e priorizando a mobilidade por meio das bicicletas, enquanto o Brasil não para de injetar mais e mais carros nas rodovias.

Ora, nossas alternativas de transporte são limitadas, Joinville dificilmente comportaria metrôs e outras soluções para a mobilidade, como corredores e elevados, são alternativas caras, que demandam muito investimento.

Quando investirmos mais em locomoção por meios alternativos, principalmente integrados com o transporte coletivo, aí sim estaremos pensando no melhor para a cidade. E aqui, quando falo em cidade, penso em Joinville como um elemento orgânico, sabendo que é o tipo de investimento que faria bem em termos de qualidade de vida para todos os joinvilenses.

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Ciclovias são alternativa para o crescimento de Joinville

*Por Vladimir Constante (Presidente do Instituto de Planejamento de Joinville (Ippuj))

Por parte do governo municipal, sempre entendemos a importância do investimento em mobilidade – em especial nas ciclovias – por conta, primeiramente, do fator histórico regional.

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Estamos, afinal de contas, na cidade das bicicletas, e o uso delas para a locomoção é uma prática enraizada na cultura dos nossos cidadãos: é positivo para a saúde, para a mobilidade, para a qualidade de vida. Estes aspectos, por si só, já justificariam os investimentos.

Ao longo dos anos, porém, Joinville passou por uma grande transformação na motorização. Uma gigantesca quantidade de carros e motos somou-se ao tráfego, fora o fato de que a cidade se expandiu muito horizontalmente, condições bastante adversas ao uso da bicicleta como principal meio de locomoção.

E o que impressiona é justamente o fato de, mesmo assim, podermos apresentar números bem elevados do uso das bicicletas em comparação com outras cidades brasileiras.

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Hoje, 11% dos trajetos feitos em Joinville são na base da pedalada, índice muito positivo no aspecto geral da mobilidade e que nos indica que existe, sim, espaço para a ampliação do uso.

Se considerarmos que cada bicicleta é um carro ou uma moto a menos, vamos ver que investir neste setor vai muito além da poesia ou da moda de se optar pelas bicicletas. É, de fato, um modo de auxiliar, e muito, na nossa mobilidade urbana, na saúde do nosso cidadão, na autoestima dele.

Chamo a atenção para uma solução que tem dado resultados nos últimos anos, que é a integração das bicicletas com o transporte coletivo da cidade. Na íntegra, a proposta é que o joinvilense possa fazer parte do seu percurso – de casa até o terminal de ônibus – com a bicicleta, e então embarcar no coletivo e ir até seu destino.

Em muitos lugares da cidade isso já funciona naturalmente, como no Vila Nova, ou mesmo em Araquari. São terminais que, durante qualquer horário do dia, estão sempre com os bicicletários cheios.

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E para quem mora próximo ao local de trabalho, então, a bicicleta se torna um excelente meio de locomoção, pois o ciclista consegue fazer um ótimo deslocamento, até mesmo pela topografia plana que temos na cidade.

Eu sou um dos que adotou a bicicleta como meio principal de transporte aqui em Joinville, e posso garantir que é uma troca de impacto direto na qualidade de vida. Além de chegar onde quiser em poucos minutos, o ciclista pratica um exercício, coloca a saúde em dia e se livra de todo o transtorno causado pelas longas filas de veículos nas ruas de Joinville.